Cotidiano

Quase mil famílias indígenas são atendidas com projeto de agricultura

Das 12 mil famílias indígenas de Roraima, 980 são beneficiadas com produção de milho e feijão

Para o fortalecimento e crescimento da agricultura em áreas indígenas e, consequentemente, o desenvolvimento da economia de Roraima, foi implantado o projeto Agro em Campo Indígena, que cultiva milho e feijão em 98 comunidades indígenas. O trabalho faz parte do Plano de Desenvolvimento Sustentável do Estado para os próximos 10 anos: Roraima 2030.

A iniciativa surgiu a partir das experiências e discussões promovidas junto à população dos municípios e da necessidade de transformação plena da realidade local, por meio da geração de trabalho, emprego e renda, garantindo melhoria de vida para todos.

De acordo com o titular da Secretaria do Índio, Marcelo Pereira, ao programa Agenda da Semana desse domingo (28), o projeto foi iniciado em julho do ano passado, com base nas demandas das secretarias estaduais, como a de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), municipais e outras instituições.

“A orientação é trabalharmos de forma significativa dentro das comunidades indígenas, uma vez que 46% das terras de Roraima são indígenas. São 719 comunidades, distribuídas em 10 etnias, com cerca de 12 mil famílias, uma população aproximada de 25% da população do estado, que chega a quase 125 mil indígenas”, detalhou em números.

Pereira acrescentou que deste mais de 120 mil indígenas, 81 mil vivem nas comunidades e o restante está nas sedes dos municípios e principalmente na capital Boa Vista. “Então, se pensarmos em desenvolvimento do setor primário, precisamos usar esses 46% de áreas, que são produtivas dentro do estado. Com isso, pensamos em trabalhar o milho e o feijão”, destacou.

O secretário informou que hoje Roraima dispõe de 800 hectares de plantação em 98 comunidades, contemplando 51 polos de produção, sendo que cada polo reúne até 10 comunidades. Os polos estão distribuídos em 10 municípios. “Isso dá uma dimensão no atendimento de 980 famílias, agregando de 5 a 10 famílias por comunidade atendida”, citou.

O projeto envolve os produtores indígenas e o governo, que fornece maquinário, sementes, insumos como calcário, e é responsável pela capacitação e treinamento dos indígenas em todas as etapas de produção. Além do preparo do solo, semeadura, acompanhamento das lavouras e colheita.

“A expectativa é aumentar de 800 hectares, atualmente, para 1,5 mil hectares de plantação dentro das comunidades indígenas para a próxima safra”, adiantou.

Pereira assegurou que nesta safra foram produzidas cerca 142 sacas de grãos, todavia em algumas áreas a produção caiu para em torno de 60 sacas, “porque cada grupo tem o diferencial de que está pegando a tecnologia antecipada e com isso há diferença na quantidade. Em média, são 85 sacas de 50 quilos por hectare”, garantiu o secretário.

Outras produções

Quanto às outras produções, o titular da Secretaria do Índio adiantou que está em processo de formatação e licitação o projeto de frango e piscicultura. A ideia é garantir a produção de proteínas dentro das comunidades, tendo em vista que o alto custo destes produtos.

Sobre a piscicultura, Pereira informou que já existem tanques escavados dentro das comunidades prontos para serem utilizados e o governo vai disponibilizar alevinos, orientação técnica e ração para o primeiro ciclo.

Outro projeto é o voltado para plantas medicinais. “A gente percebe que diante da população indígena que nós temos no estado e do impacto que a Covid-19 causou, a questão medicinal tradicional dos indígenas reduziu muito os impactos. Se comparado com as mais de 2 mil mortes causadas pela doença no estado, não se tem 10% que seja indígena”, enfatizou.

Marcelo Pereira também falou sobre o projeto horta, que visa oferecer diversidade de produtos saudáveis às comunidades, e a plantação de soja.

Segundo ele, esta segunda é uma iniciativa da Sociedade de Defesa dos Índios Unidos do Norte de Roraima (Sodiur) em parceria com a Seapa e Secretaria do Índio. A proposta é explorar a soja em 30 mil hectares.

Roraima 2030

Em dezembro do ano passado, foi lançado o Plano de Desenvolvimento Sustentável do Estado para os próximos 10 anos. O planejamento do Roraima 2030 contempla um conjunto de ações a serem realizadas com a finalidade de garantir o crescimento socioeconômico e a redução do desmatamento.

A ação é estruturada nos eixos: economia, desenvolvimento sustentável, infraestrutura, saúde, educação, bem-estar e segurança. O objetivo é atuar com planejamento e formulação de programas e projetos capazes de conduzir o Estado para a eficiência, eficácia administrativa e transformação da realidade local, por meio da geração de trabalho, emprego e renda.