Política

Candidatos diplomados falam em união entre poderes

Os eleitos no pleito de 2018 acreditam que a responsabilidade de cada um aumentou em razão do cenário atual de crise financeira e intervenção federal no Estado

Os candidatos eleitos em Roraima nas Eleições Gerais de 2018 foram diplomados ontem, 14, pelo Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR). Na solenidade, os diplomados reforçaram a necessidade de união entre os políticos do Estado, em especial, por conta do cenário político atual de intervenção federal e operações que investigam supostos desvios de recursos públicos.

A solenidade foi iniciada no fim da tarde no auditório do Centro Amazônico de Fronteiras (CAF), na Universidade Federal de Roraima (UFRR). O evento prosseguiu tranquilamente, com uma apresentação de balé e foi marcado apenas por uma manifestação pacífica liderada pelo Sindicato dos Trabalhadores Civis Efetivos do Poder Executivo do Estado de Roraima (Sintraima).

A entrega do diploma é considerada o último ato do processo eleitoral. Na solenidade, os representantes recebem um documento oficial que reconhece a validade de sua eleição e deixa cada um apto a tomar posse no cargo ao qual foi eleito.

No primeiro momento, foram diplomados o governador eleito e interventor federal, Antonio Denarium (PSL), e o seu vice, Dr. Frutuoso Lins (PTC). Na sequência receberam os diplomas os senadores, deputados federais e deputados estaduais.

Na ocasião, Denarium reforçou que se vive um novo momento da história do Estado, em que será preciso trabalhar para sair da situação econômica e social que Roraima enfrenta e defendeu a necessidade de uma reforma geral. “Vamos trabalhar para fazer uma reforma administrativa, fiscal e um novo plano de recuperação financeira do Estado. Roraima está vivendo um caos social, econômico e financeiro. Temos hoje um endividamento de cerca de R$ 6 bilhões, temos que reverter essa situação e fazer o Estado crescer e desenvolver”, avaliou o governador eleito.

Já Lins ressaltou a importância de uma união entre os parlamentares pela recuperação do Estado. “Não existe mais bandeira política. A bandeira agora é de Roraima. Todos nós temos que estar conscientes da nossa responsabilidade. Cada um tem um papel fundamental e incluo vereadores, as prefeituras dos municípios e a população. Precisamos de um esforço conjunto para colocar o Estado na posição de destaque que ele merece”, disse o vice-governador eleito.

Governador, vice, senadores e deputados foram diplomados (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

Senadores defendem regularização energética e migratória

O senador eleito Chico Rodrigues (DEM) informou que espera iniciar os trabalhos de regularização da questão energética em Roraima já em janeiro do ano que vem e citou uma possível visita do futuro ministro de Minas e Energia, almirante Bento Costa Lima.

“Nós vamos conversar muito para que a questão energética seja resolvida no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Temos outros pontos que precisam ser trabalhados, como as rodovias internacionais e projetos internos, da produção agrícola e questão habitacional, entre tantos outros”, avaliou.

Já o senador eleito Mecias de Jesus (PRB) disse que irá buscar a realização do Linhão de Tucuruí e a liberação de terras do Estado de forma definitiva. Outro ponto citado por Mecias foi a questão do fluxo migratório de venezuelanos para Roraima.

“O objetivo é colocar um freio na lei de imigração que é terrível para nós de Roraima. Tentar fazer com que o povo de Brasília e o restante do Brasil entendam, que se eles tivessem passando pela mesma situação que nós passamos eles entenderiam nossas atitudes”, completou.

Cenário de crise exige maior responsabilidade

O deputado federal eleito com maior número de votos, Haroldo ‘Cathedral’ Campos (PSD) afirmou que a diplomação era um momento de emoção, principalmente por ser seu primeiro mandato, mas também de preocupação com cenário do Estado.

“A situação que Roraima está hoje aumenta muito a nossa responsabilidade e a nossa ansiedade em fazer algo para poder mudar. Acredito que esse mandato será de muito trabalho para talvez a médio ou longo prazo tentar colocar o Estado no caminho do desenvolvimento”, disse.

A primeira mulher indígena eleita deputada federal, Joênia Wapichana (Rede), falou que seu primeiro mandato representava também o início de um novo relacionamento dos povos indígenas com o Congresso Nacional, como uma voz que reflete a realidade das comunidades.

“Roraima tem essa realidade, das demandas das comunidades indígenas. É importante levar essa diversidade sociocultural que existe para que o Congresso Nacional considere como prioridade essas questões, de cunho ambiental e de sustentabilidade”, avaliou Joênia.

Jalser acredita em continuação de trabalho positivo na Assembleia

O atual presidente da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) e deputado estadual mais votado, Jalser Renier (SD), avaliou positivamente o trabalho executado pelos parlamentares na atual gestão, já que mais de 60% dos deputados foram reeleitos.

“Dos 24 deputados estaduais, 14 estão novamente na Assembleia e isso nunca aconteceu na história de Roraima. E ainda tivemos um deputado estadual que se elegeu senador. Isso significa que estamos tendo uma Casa muito bem avaliada pela população. Se não fosse assim, nós não teríamos esse resultado positivo”, disse.

O parlamentar aproveitou para frisar que o momento era de união entre os deputados estaduais, federais, senadores e a equipe de Governo para “reerguer Roraima ainda mais”.

Nomes de deputados presos não foram anunciados

Segundo o TRE, procuradores de deputados presos informaram que vão buscar diplomas no órgão na próxima semana (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

Dois deputados estaduais eleitos que não participaram da solenidade foram Renan Filho (PRB) e Ione Pedroso (Solidariedade). Ambos estão em prisão preventiva em razão de operações da Polícia Federal que investigam fraudes no sistema prisional e no serviço de transporte escolar em Roraima.

O secretário judiciário do Tribunal Regional Eleitoral, Jadilson Castro, informou que a diplomação poderia ocorrer normalmente, mesmo com a prisão preventiva dos dois eleitos já que não havia inicialmente nenhuma decisão judicial que impeça a diplomação deles.

“Quem não for receber o diploma pode mandar um procurador ou pegar depois. A diplomação é apenas um ato, por meio do qual, a Justiça Eleitoral declara que o candidato eleito está apto para a posse, que, por sua vez, é o ato público pelo qual ele assume oficialmente o mandato”, explicou.

No entanto, os nomes dos deputados não foram anunciados durante a solenidade. Segundo o TRE-RR, os procuradores de ambos informaram que vão buscar os diplomas no órgão na próxima semana.

Sintraima faz protesto pacífico pedindo o fim da corrupção

Trabalhadores do Estado, liderados pelo Sintraima, aproveitaram a diplomação para realizar um manifesto pacífico. Em um carro de som que tocava o hino do Brasil e de Roraima, os protestantes levaram cartazes defendendo o combate à corrupção.

O presidente do Sintraima, Francisco Figueira, elencou algumas das ocorrências resultantes de irregularidades em Roraima, como o atraso nos salários dos servidores, investimento no comércio, segurança precária e falta de medicamentos nos hospitais.

“Quando há um problema no Estado toda a população sofre e foi demonstrado isso com as últimas paralisações. Vamos buscar um basta à corrupção. Agora nós temos a oportunidade da mudança com a intervenção federal. Nós estamos com um benefício do Governo Federal, então esperamos que esses recursos sejam utilizados para realizar todas as mudanças necessárias”, disse. (P.C.)