Cotidiano

Centro de Sismologia da USP confirma terremoto em Roraima

Além do caso registrado no dia 26 de novembro, outros 11 terremotos foram registrados no Estado nos últimos anos

ANA GABRIELA GOMES

Editoria de Cidade

O tremor sentido por moradores do Sul do Estado na terça-feira, 26, foi registrado pelas estações da Rede Sismográfica Brasileira com magnitude 3,8. A confirmação foi dada pelo coordenador do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP), professor Marcelo Assumpção, que conversou com a equipe da Folha após ler a notícia publicada. O evento não é considerado catastrófico.

“O tremor teve magnitude 3,8, que é considerada pequena. Foi registrado pela estação sismográfica de Boa Vista e algumas outras no Amazonas e Pará. Tremores pequenos assim não são raros. A Rede Sismográfica Brasileira costuma detectar pequenos tremores no sul de Roraima e norte de Amazonas”, explicou o Coordenador do Centro de Sismologia da USP.

Pela análise realizada, o epicentro ficou determinado na região de São João da Baliza. Há, no entanto, um erro de precisão de 30 quilômetros para cada caso registrado. A margem de erro explica, por exemplo, o motivo de o tremor também ter sido sentido por moradores dos municípios mais próximos, como São Luiz do Anauá, Rorainópolis e Caroebe. O responsável pela análise e registro do fenômeno foi o técnico em sismologia, José Roberto Barbosa.

Apesar de incomum, ele disse que o tremor ocorreu de forma natural pela movimentação de placas tectônicas. “O Brasil está localizado no centro da Placa Sulamericana e todo ano ela se movimenta alguns centímetros, como todas as outras. Esses atritos vão causando tensões e, uma hora, essa tensão precisa ser liberada. Não vivemos com muitos terremotos. Por isso, quando isso acontece em regiões habitadas, as pessoas se assustam”, explicou.

Mesmo com a proporção que o fenômeno tomou junto à população, essa não é a primeira vez que o Centro de Sismologia registra casos em Roraima. Conforme o Boletim Sísmico disponível no site da entidade, 11 terremotos foram confirmados no estado nos últimos 10 anos, sendo quatro em Rorainópolis, o município que lidera os registros de abalos sísmicos. Em toda a região Sul, foram registrados seis eventos.

Há ainda os casos de tremores que não tinham dados suficientes para estudos e que, de alguma forma, ocorreram em certas regiões de Roraima. Nesse sentido, o técnico ressaltou ser de suma importância a participação da população envolvida na situação, já que os registros não são feitos de forma automática pelo sistema. O caso do tremor da terça-feira, a exemplo, chegou ao conhecimento da equipe por meio da matéria publicada pelo jornal Folha.

“Uma técnica encontrou a notícia e nos passou. A matéria foi maravilhosa para nosso estudo porque trouxe, principalmente, o que as pessoas sentiram, o horário e a região do ocorrido. Foi umas das melhores que já recebemos”. Com base nas informações da matéria, o técnico entrou no sistema e conseguiu analisar e confirmar o ocorrido. A população, contudo, pode e deve entrar em contato com a entidade quando o fenômeno ocorre.

SENTIU AÍ? – Uma das maneiras de a população passar informações é pela aba “Sentiu Aí?”, disponível no final do site do Centro de Sismologia (www.moho.iag.usp.br). Lá, o morador especifica a localidade, o horário, a data o que sentiu. Outra forma de reportar o ocorrido é falando diretamente com o técnico, por meio do telefone (011) 99214-1679 (whatsapp) ou pelo e-mail [email protected].

CENTRO DE SISMOLOGIA – Composto pela união dos esforços de dois grupos da USP, o Laboratório de Sismologia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas e o grupo de Tecnologia de Petróleo, Gás Natural e Bioenergia do Instituto de Energia e Ambiente, uma das principais missões do Centro de Sismologia é manter e gerenciar um banco de dados sismológicos, emitindo boletins sísmicos em tempo real com os sismos ocorridos no Brasil e regiões vizinhas, em conjunto com a Rede Sismográfica Brasileira. O Boletim Sísmico também está disponível no site do Centro, na parte superior da aba “Sentiu Aí?”.

ESCALA RICHTER- É um sistema de medição elaborado por Charles Richter e Beno Gutenberg, utilizado para quantificar a intensidade dos terremotos conforme a sua manifestação na superfície terrestre. “Vale esclarecer que, diferentemente do que é noticiado, a escala não tem limite”, concluiu o técnico.

LEMBRE O CASO – O tremor foi sentido na tarde de terça-feira, 26, por volta das 16h, por moradores da região Sul do Estado, especificamente em Caroebe, São João da Baliza, São Luiz do Anauá e Rorainópolis.

Em 10 anos, 11 terremotos foram registrados em Roraima


Fenômeno foi registrado com magnitude 3,8, conforme a escala Richter (Foto: Divulgação)

A partir do Boletim Sísmico divulgado pelo Centro de Sismologia da USP, a reportagem teve acesso aos registros dos últimos 10 anos e montou uma tabela para melhor entendimento do leito. Confira