Ciro propõe refinanciamento para tirar brasileiro da inadimplência

Ideia é que bancos refinanciem a dívida dos brasileiros para que o consumo das famílias volte a crescer

Durante viagem a Roraima, no sábado, dia 15, o candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, visitou o Grupo Folha de Comunicação e concedeu uma entrevista ao programa Agenda da Semana, numa edição especial. Acompanhado da senadora Ângela Portela (PDT), Ciro explicou uma de suas principais propostas: tirar o nome dos brasileiros da inadimplência.

O candidato reforçou que a prática é comum e se faz com certa normalidade em momentos de grandes e graves crises econômicas no mundo inteiro, citando os Estados Unidos como exemplo.

“Acontece que a elite brasileira não quer que o nosso povo tenha esperança. Parece que tem uma pedra no lugar do coração. Basicamente eu tô estudando como reativar a economia”, frisou.

Para ele, o primeiro motor econômico é o consumo das famílias.

“Se a família consome, o comércio vende. Se o comércio vende, a indústria produz. Se a indústria e o comércio estão ativados, vêm os empregos e os impostos de onde vem o dinheiro para melhorarmos a saúde e a educação. Isso é básico. Acontece que o principal motor está destruído por conta do desemprego, da informalidade e do colapso do crédito popular”, citou.

O candidato do PDT fez as contas e apontou que a dívida média do brasileiro é de R$ 4.200.

“Quando o Serasa faz um feirão, o desconto é de 70%. Se eu aplicar esse desconto, eu vou chegar a R$ 1.200. Mas porque o Governo vai se meter? Quando o Serasa dá o desconto, ele exige o resto à vista e 80% dos inadimplentes ganha até dois salários mínimos. Ora, se o povo tá desempregado, empurrado pra informalidade, de onde vem o dinheiro?”, questionou.

A ideia é que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica façam um refinanciamento, abrindo a possibilidade de os bancos particulares também participaram, com algum incentivo do Governo.

“Eu emprego R$ 1.200. Só que eu troco um juro de 500% e pico isso em até 36 vezes, que é a condição de pagamento do devedor. Sabe quanto fica isso, já com o banco ganhando dinheiro? R$ 40 por mês”, calculou.

É uma razão econômica, justificou Ciro.

“Se nós não reconstituirmos a capacidade de consumo das famílias, não tem desenvolvimento. E é uma medida que não depende do Congresso. É só chamar o Banco do Brasil e a Caixa, fazer uma linha de crédito. Se o Governo não acudir essa gente, quem vai acudir?”, perguntou.

PREVIDÊNCIA – Sobre o fluxo de caixa da Previdência Social, Ciro Gomes propõe a substituição do sistema de repartição pelo de capitalização.

“O sistema que o Brasil adota hoje é o de repartição, em que o trabalhador mais jovem financia o aposentado que já trabalhou. Esse sistema não funciona mais no mundo. Só tem o Brasil, a Venezuela e a Argentina nesse sistema. Não por acaso, os três quebrados”, analisou.

O mundo inteiro, conforme Ciro, pratica o sistema de capitalização, em que a geração trabalha para financiar a própria aposentadoria.

“É como se fosse uma poupança, com uma parte compulsória (até o teto) e, acima disso, voluntária (quem quiser ter uma aposentadoria maior, coloca mais dinheiro). Proponho um teto de R$ 5 mil e, quem quiser contribuir mais, o sistema de capitalização permite”, explicou.

Ainda sobre a reforma da Previdência, Ciro Gomes afirmou que não é razoável igualar a idade mínima para aposentadoria de pessoas com trabalhos diferentes.

“É razoável que eu determine que a idade mínima do trabalhador rural seja a mesma do cidadão que trabalha lá em Fortaleza, dentro do ar-condicionado, na beira da praia, mesmo sendo meu conterrâneo? Eles propuseram botar uma professora para trabalhar por 49 anos, um policial para correr atrás de um bandido por 49 anos para ter direito à aposentadoria integral. Isso não existe em nenhum lugar do mundo”, criticou.

“Vamos arrumar isso, mas discutindo, chamando os sindicatos, os empresários, as universidades, as experiências internacionais e comparar. Para não ter susto. Para não deixar só Brasília resolver os problemas porque quebra sempre no lombo do mais pobre”, concluiu.