Cotidiano

Construção civil foi setor que mais demitiu em abril

Roraima teve um saldo positivo no emprego formal com a criação de 109 novas vagas em abril deste ano. O resultado é referente as 1.715 admissões e 1.606 desligamentos promovidos no mês passado, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apresentados pelo Ministério do Trabalho nesta semana.

Segundo o MTE, a diferença representou um acréscimo de +0,21% no número de empregos em relação a março. O setor que mais contribuiu para este resultado foi o de Serviços, que gerou 132 postos de trabalho no último mês.

Em seguida, o setor de comércio gerou 70 novas vagas, a indústria de transformação com 12 empregos e serviços industriais de utilidade pública com sete novos postos. No entanto, o setor de construção civil teve saldo negativo, com 97 demissões, seguido pela agropecuária com 14 e extrativa mineral com uma demissão.

De acordo com o economista Fábio Martinez, de fato houve um crescimento no mês de abril. “Isso acabou tornando o acumulado do ano positivo por que a gente tinha, até o primeiro trimestre, um quadro negativo na geração de empregos. Principalmente, por conta do número de demissões no setor de comércio”, disse.

Segundo Martinez, isso se dá por conta das demissões das contratações temporárias, que normalmente acontecem no período de final do ano, quando as lojas contratam funcionários para auxiliar na época de vendas de Natal e Ano Novo. “Muitas vezes as pessoas acabam não continuando e isso se refletiu nos primeiros três meses do ano. Agora, a partir de abril, volta a aumentar os números de contratações”, avaliou.

Com relação ao setor de serviços estar em primeiro lugar no mês de abril, o economista atenta para o fato que o setor que mais cresceu foi justamente o de alojamento, alimentação, reparação e alimentação. O setor inclui restaurantes, hotéis, pousadas e outros serviços. “É interessante avaliar esse setor porque, em fevereiro, ele teve uma queda muito alta. Foram extintos 162 postos de trabalho e a gente viu nos meses seguintes, de março e abril, justamente um crescimento de empregos nesse segmento”, explicou.

Fábio disse ainda que este mesmo setor também inclui o segmento das atividades terceirizadas, que são amplamente contratados pela administração pública sendo por entes federais, estaduais ou municipais. “Tanto é que, analisando somente esse segmento, a profissão que mais foi contratada foi justamente a de porteiro, que é um emprego típico de serviço temporário. Além disso, nós também tivemos crescimento nas atividades de auxiliar de escritório, cozinheiro e atendente de lanchonete”, afirmou.

Outro destaque é a queda no setor da construção civil, com a extinção de mais 90 postos de trabalho, invertendo um crescimento que vinha durando alguns meses. “No acumulado do ano, o setor continua sendo o que mais gerou empregos em Roraima e é meio que natural esse percentual por conta do início do período chuvoso, quando as obras tendem a paralisar e retomar depois das chuvas”, explicou.

PRIMEIROS MESES – O economista ressaltou que, avaliando o acumulado até abril deste ano, o saldo acaba sendo positivo com 63 novos postos de trabalho criados. No entanto, se for analisado com o mesmo período do ano passado, o número é visivelmente menor. Até abril de 2017, foram 675 empregos criados.

“Ou seja, a gente teve uma queda grande. O principal vilão neste caso é justamente o comércio, que demitiu bastante gente no início do ano, nos três primeiros meses. Mesmo com essa retomada de contratações, o saldo negativo do comércio está em -445, principalmente, no varejista”, disse.

Também nos primeiros quatro meses é possível avaliar que a construção civil foi a que mais gerou empregos em Roraima. No acumulado do ano foram 329 novos postos de trabalho, seguido pelo setor de serviços, com 204 novos postos de trabalho. “Dentro do fator de serviços, o segmento que mais gerou empregos foi o setor de ensino. Ou seja, nós tivemos uma contratação de profissionais que atuam no setor educacional. Foram 135 novos postos de trabalho nesse período”, citou.

Outros que também podem ser ressaltados são os setores da agropecuária, com saldo negativo, já que houve a extinção de 54 pontos de trabalho, e o da indústria de transformação, que está com saldo de -14 por conta da queda do setor madeireiro e imobiliário. “Apesar disso, a gente tem o setor de produtos minerais não metálicos que está em crescimento”.

PREVISÃO – Para Martinez, a expectativa para 2018 era que o Estado mantivesse a média apresentada no ano passado com a criação de cerca de dois mil novos postos de trabalho. Porém, nesses primeiros quatro meses, o índice não foi atingido. “Provavelmente, nós teremos cerca de 1.500 novos postos de trabalho. Vai ser um saldo positivo, assim como foi no ano passado, porém, não tão alto assim. O setor de construção civil não está reagindo tanto quanto ano passado e o setor de comércio ainda não decolou, com uma situação bem negativa. Espera-se que ocorra um crescimento nesse segmento nos próximos meses”, pontuou. (P.C.)