Cultura

Coronel do Exército viaja de caiaque de Boa Vista para Manaus

Viagem deve durar 30 dias

O coronel do exército Hiram Reis Silva de 67 anos está se preparando para uma viagem de canoa que deve durar cerca de 30 dias. Essa é a décima vez que o militar se aventura pelos rios da Amazônia com o projeto ‘Desafiando o Rio Mar’, que teve início como uma promessa para a recuperação de sua esposa, que sofreu um AVC e está há 14 anos em coma. 

O militar já tinha uma experiência em canoagem, foi campeão mato-grossense de canoagem e praticou durante os anos que morou na Amazônia. Atualmente, Hiram mora no Rio Grande do Sul em sua terra natal, e volta para Roraima para realizar mais essa viagem. Dessa vez, o percurso é uma forma de homenagear os 50 anos do 6º  Bec, onde atuou como militar.

“Tenho um relacionamento muito forte com a Amazônia, de conhecer as etnias indígenas e os ribeirinhos. Durante essas viagens, sou sempre muito bem recebido. O período em que passei na Amazônia foi muito intenso, abriu meus horizontes e abriu os meus olhos. Mudei de uma perspectiva só profissional para algo mais emocional. Essa história se transformou em amor” explicou.

Ao todo, serão cerca de 1.200 km de percurso. “São cerca de 30 km por rota. Eu faço paradas durante o trajeto para descansar e conhecer a região. Além de ter um contato direto com os moradores, faço uma espécie de pesquisa” explicou.

O viajante disse que para cada viagem é necessário fazer um preparo físico. A alimentação durante a viagem é feita em sua maioria por bananas e castanhas, mas Hiram também leva uma ‘ração’ para casos de emergência.

“Às vezes não tenho tempo nem de pescar, quando encontro alguém pelo caminho, ocorre os convites, ganho um prato de comida, as pessoas mais humildes são sempre as mais hospitaleiras. Em outras viagens, já fui recebido com um grande banquete, onde uma senhora mandou matar um galo pela minha visita” relembrou.

Hiram também passou por situações de perigo, onde encontrou jacarés que eram maiores que seu caiaque, além dos riscos das corredeiras. “Na descida do Juruá, de Peru até Manaus, tive um momento muito difícil onde me perdi. Precisei dormir dentro do caiaque, me equilibrando, passando por uma vegetação muito extensa, com muitas formigas que me machucaram muito. Fui resgatado por um indígena da região, que tinha o nome Francisco de Assis Cassiano, o nome do meu padroeiro e do meu pai” relembrou.

Outro risco foi quando Hiram encontrou um grande Jacaré-Açu que bateu no seu transporte.

“O meu caiaque tem cerca de 1m e 20 centímetros e o animal era bem maior que isso. A sorte que acho que ele estava bem alimentado e não houve perigo, não senti medo. Mas depois descobri que o animal já tinha arrancado a perna de uma pesquisadora” disse.