Cotidiano

Custo do metro quadrado em Roraima ultrapassa R$ 1.800

Questões logísticas e distância do Estado deixam custo da mão de obra e materiais mais caros que de outras localidades brasileiras

O setor imobiliário atrai muitas pessoas que estão com vontade de fazer algum tipo de investimento econômico, seja por uma espécie de garantia para evitar riscos de perda, caso o mercado não esteja indo tão bem, ou pela procura por terrenos e imóveis em consequência do aumento populacional. Contudo, a logística envolvendo Roraima interfere diretamente no valor cobrado por alguns setores.

No campo da construção civil, o Custo Unitário Básico de Construção (CUB) é feito com base na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) de acordo com a localidade de cada Estado brasileiro por meio de estudos levantados pelos sindicatos da construção. O cálculo é mensal e avalia a área urbana, que mais representa o setor em questão.

Em Roraima, a referência foi feita em uma residência de um pavimento, composto de três dormitórios, sendo uma suíte, um banheiro social, sala, circulação, cozinha, área de serviço com banheiro e varanda, conforme relatou o consultor do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-RR), Raul Ribeiro.

O valor do CUB ficou no Estado, portanto, em dezembro, no total de R$ 1.818,70 por metro quadrado. Neste perfil é calculado o material, que ficou em R$ 706,46, a mão de obra com R$ 1.021,13. As despesas administrativas custaram R$ 90,81 e de equipamentos, com um valor de R$ 0,28. Em comparação ao Estado Minas Gerais, berço da administração que calcula o CUB, o valor total da obra chega a R$ 1.743,54 e no Amazonas a R$ 1.646,40, ambos calculados por metro quadrado.

No cálculo da mão de obra em Roraima, o Sinduscon lidera os encargos sociais padrão e complementares. O padrão é calculado de acordo com o Sistema Nacional de Preços e Índices para a Construção Civil (Sinapi) da Caixa Econômica Federal, e o complementar leva em consideração o vale-transporte e alimentação, que inclui uma cesta básica, café da manhã e almoço, além do Equipamento de Proteção (EPI) para o operário. Ferramentas manuais e exames médicos também são calculados nos encargos.

“O encargo social padrão do Sinduscon, que avalia férias, décimo terceiro, INSS [Instituto Nacional do Seguro Social], hoje, está em 114,80%, que incidimos sobre a mão de obra. No encargo complementar, em dezembro, ficou em 75,40%. No total, incide em 190,20%. A mão de obra nossa é baseada no piso salarial da categoria, reajustado anualmente no mês de setembro”, justificou o consultor.

Ribeiro destacou que o valor da mão de obra em Roraima, definido na última convenção entre os sindicatos patronais e os de trabalhadores da construção civil, foi determinada em R$ 8,04 a hora para pedreiro. Para os serventes, o cálculo ficou em R$ 4,77 por hora de trabalho. Conforme enfatizou o consultor, os problemas encontrados devido à distância do Estado facilitam para que os valores da construção civil sejam tão altos em comparação a outras localidades.

“Muitas vezes, é até interessante, tem preço em Boa Vista menor que em Manaus. Mas aqui tem as questões com ICMS [Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] que acarretam isso. Ainda assim, é um bom investimento porque é seguro. Evidentemente tem muito a ver com o mercado imobiliário”, frisou. (A.P.L)