Cotidiano

DSEIs e municípios do sul são rejeitados por candidatos

Vagas não foram preenchidas em Caroebe, São João da Baliza e nos dois Distritos Sanitários Especiais Indígenas

FABRÍCIO ARAÚJO

Colaborador da Folha

Encerrou no final de semana passado o prazo para médicos brasileiros que estudaram no exterior e não fizeram a revalidação de diploma manifestarem o interesse em fazer parte do programa Mais Médicos. A primeira fase foi destinada para médicos que possuem o registro no Conselho Regional de Medicina (CRM), mas apenas 31 foram ocupadas, restando 40 vagas. Dessas, 13 foram preenchidas por brasileiros que se graduaram em outros países. Até amanhã, dia 28, médicos estrangeiros podem se inscrever no programa.

Além das áreas indígenas, dois dos 15 municípios de Roraima não preencheram o total de vagas, são eles Caroebe e São João da Baliza. Os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) Leste e Yanomami são o que mais sofrem para ter a demanda atendida. Na etapa passada havia 21 vagas e somente três foram preenchidas por brasileiros com formação no exterior e sem revalidação de diplomas.

O coordenador do Programa Mais Médicos em Roraima, Ipojucan Costa, acredita que as vagas devem ser preenchidas sem grandes dificuldades nesta fase em que estrangeiros podem se inscrever. Estes médicos, assim como os brasileiros, não devem ser submetidos ao revalida. Ainda de acordo com o coordenador do programa cubanos e venezuelanos devem manifestar mais interesse para preencher as vagas.

“Eu acho que agora, com os estrangeiros, a gente vai completar todas as vagas. É muito mais fácil e vemos isso pelo contato, vem muita gente para cá, acredito que deva ter mais de 100 estrangeiros inscritos. Não tenho o dado porque é do sistema nacional e não permite que eu veja os dados e tenha essas informações”, disse Ipojucan Costa.

O coordenador salientou ainda que mesmo que os médicos tenham escolhido onde preferem atuar ainda é necessário esperar a apresentação nos municípios e a entrega de documentos para que haja a homologação por um gestor e então as vagas podem, de fato, ser consideradas ocupadas.

CONTRATO – Os médicos que não possuem o revalida nem o CRM deverão dar atenção exclusiva à saúde básica dentro do programa, não pode haver vínculo com outras instituições. Estes médicos também ficam sujeitos a uma jornada de 48 semanais, sendo 40 para atuação na saúde básica e oito para se dedicar a um curso de especialização à distância oferecido pelo Ministério da Educação (MEC), condição imposta no contrato.

Os médicos receberão uma bolsa do Ministério da Saúde no valor de R$ 11.800,00 para trabalharem e há ainda uma contrapartida de cada município, com valores que podem variar, para tentar fixar o médico na região custeando moradia e alimentação.

“É preciso ter residência no município porque às vezes o médico quer trabalhar em um município e morar em outro. É preciso ver se a possibilidade de conciliar as duas coisas, trabalhar em um município e morar em outro, às vezes identificamos nisso a tentativa do profissional não cumprir o seu horário e não atender as regras do programa que já dá este recurso, que é de contrapartida do município, para permanecer no município”, declarou Costa.

INVESTIMENTOS – O coordenador do Mais Médicos em Roraima disse que o programa gera muitos outros investimentos na área da saúde e não somente na parte de contratação de profissionais, mas também na infraestrutura e nos cursos de Medicina do país. O Mais Médicos gerou investimentos na ampliação de vagas nas universidades “Roraima é um exemplo porque antes oferecia 30 vagas e hoje oferece cerca de 70 vagas. A tentativa é que em um curto prazo de tempo, cerca de seis ou sete anos, haja mão de obra de brasileiros para atender ao programa com maior disponibilidade”, frisou. (F.A)