Economia

A R$ 7,49, diesel fica mais caro que a gasolina em Boa Vista

Aumento promete refletir na alta generalizada dos preços dos produtos transportados por via terrestre, por exemplo

Quem tem veículo movido a óleo diesel já começou a sentir no bolso o último reajuste anunciado pela Petrobras. Na zona urbana de Boa Vista, o preço do combustível na modalidade comum pode custar até R$ 7,39.

Esse valor máximo foi encontrado pela reportagem em um posto do bairro Santa Tereza, zona Oeste de Boa Vista. Ficou mais caro abastecer com o diesel que a gasolina comum, vendida a 7,04 na maioria dos postos da capital de Roraima.

Para o pastor Rosival Freitas, que mora no Município de Caroebe, a 377 quilômetros de Boa Vista, deslocar-se três vezes ao mês para resolver situações na capital está se tornando uma tarefa inviável.

“É um alimento exagerado que estamos tendo. Tem um impacto em todo o nosso Estado, no crescimento econômico, no preço dos produtos. Fica difícil. Não sei até quando isso vai durar. Vai ficar insustentável”, criticou.

Elisandro Lemos de Moraes, que aluga seu trator de esteira para se sustentar, tem saudades de quando o dinheiro sobrava. Mesmo com sucessivos reajustes do preço do combustível, ele diz preferir não por repassar totalmente o aumento para não perder a clientela.


Elisandro Lemos de Moraes reclama do preço do diesel (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

“De uma hora de serviço de máquina que fazia, comprava balde de óleo lubrificante e sobrava dinheiro pra ir pra casa. Hoje não sobra mais. Não consigo repassar todo o valor do combustível pra cima do preço da hora. Está diminuindo minha renda”, declarou.

Três dias após o reajuste, ainda é possível encontrar o diesel comum a R$ 6,85 (comum) e R$ 6,95 (S-10), a exemplo de um posto do bairro Olímpico, na zona Oeste.

Economista explica efeitos da alta do diesel


Preços do barril do petróleo e do dólar são os fatores que pressionam o preço do diesel (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

O economista Fábio Martinez explicou que o aumento do diesel vai refletir na alta generalizada dos preços dos produtos transportados por via terrestre, por exemplo. “Às vezes, alguns comerciantes acabam absorvendo esse custo a mais dentro da sua margem de lucro, reduzem um pouco mais de lucro, pra não repassar de cara, porque aumento de preço reflete em redução de consumo”, disse.

Martinez lembrou que os preços do barril do petróleo (hoje em 107,69 dólares) e do dólar (R$ 5,14 hoje) são os fatores que pressionam o preço do diesel. “A guerra na Ucrânia, justamente contra a Rússia, um dos grandes produtores de petróleo do mundo, um dos maiores exportadores e com as sanções, diminuíram a disponibilidade de petróleo. A Opep [Organização dos Países Exportadores de Petróleo] e outros países produtores não estão inclinados a aumentar a oferta, o que faria com que os preços começassem a cair. Isso faz com que o preço do barril do petróleo a nível mundial aumente”, pontuou.

Sobre a cotação do dólar, o economista lembrou que, no início da guerra, houve uma “valorização significativa do real” que culminou na vinda de investidores para o Brasil. “Porque nossa taxa Selic, que remunera os títulos públicos, está bem acentuada. Então, está dando os maiores ganhos reais. Só que o banco central americano [Federal Reserve] também aumentou a taxa de juros. Então, a rentabilidade no mercado americano aumentou e começou a ter algumas fugas de capitais, fazendo com que nossa moeda comece a desvalorizar”, pontuou.