É falsa informação de conflito e bloqueio na fronteira com a Venezuela

Há, na verdade, uma manifestação pacífica de eleitores de Bolsonaro que contestam a vitória de Lula nas eleições presidenciais, em frente ao quartel do Exército em Pacaraima

Começou a circular nas redes sociais a informação falsa de que o ditador Nicolás Maduro teria libertado presidiários e que os brasileiros de Pacaraima, cidade da fronteira do Brasil com a Venezuela, teriam se revoltado e expulsado os venezuelanos já residentes do País.

Além disso, a mensagem, recheada de erros ortográficos e cujo autor não se apresenta, informa que o Exército Brasileiro está montando uma barreira para que nenhum venezuelano entre no Brasil. O texto tem sido acompanhado de vídeos e fotos que reforçariam a existência do conflito.

Fontes da Folha em Pacaraima e na embaixada venezuelana ligada ao principal opositor de Maduro, Juan Guaidó, já desmentiram a informação. Além disso, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) e a Operação Acolhida divulgaram notas em que relatam não haver nenhum conflito na fronteira, em Pacaraima.

Nesta segunda-feira (7), na cidade, há, na verdade, uma manifestação pacífica de eleitores de Jair Bolsonaro (PL) que contestam a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais, em frente ao quartel do 3º Pelotão Especial de Fronteira (3º PEF), alegando suposta fraude, a exemplo do que ocorre há uma semana, ao frente à primeira Brigada de Infantaria de Selva, em Boa Vista.

Moradores locais, inclusive, gravaram vídeos para mostrar que está tudo sob controle na fronteira.

Imagens são de 2018


Vídeo de expulsão de venezuelanos ocorrida em 2018 circula como se fosse em 2022 (Foto: Reprodução)

As próprias imagens que acompanham o texto revelam a fragilidade da informação. Um dos vídeos exibe uma viatura da Polícia Militar de Roraima, o que indica que o vídeo se trata da manifestação realizada em 2018, em que brasileiros moradores da fronteira expulsaram os venezuelanos para demonstrar indignação com a falta de controle da entrada de migrantes na fronteira.


Atualmente, viatura da PM de Roraima tem tons azuis mais escuros, diferente dos detalhes em 2018 (Foto: Reprodução)

Por toda a cidade, eles atearam fogo em objetos dos estrangeiros. O ato foi uma resposta direta ao assalto de um comerciante, cujos familiares acusaram venezuelanos de envolvimento com o crime.

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