Empresário de RR encabeça lista de candidatos com 'dinheiro no colchão'

Em tempos de Pix e transferências eletrônicas cada vez mais práticas, Rodrigo Martins de Mello, o Rodrigo Cataratas (PL), que disputará uma cadeira de deputado federal por Roraima, disse guardar um total de R$ 4,5 milhões em moeda

Um empresário ligado ao garimpo encabeça a lista dos candidatos que declararam ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) terem as maiores quantias em dinheiro em espécie, recursos que não estão aplicados em bens ou qualquer instituição financeira. 

Em tempos de Pix e transferências eletrônicas cada vez mais práticas, Rodrigo Martins de Mello, o Rodrigo Cataratas (PL), que disputará uma cadeira de deputado federal por Roraima, disse guardar um total de R$ 4,5 milhões em moeda nacional — o que daria, por exemplo, para encher duas maletas e meia como aquelas de filmes de espionagem com notas de R$ 100.

O montante de dinheiro “no colchão” equivale a 13,4% do seu patrimônio declarado — R$ 33,6 milhões em bens, o que inclui dez aeronaves (R$ 23,3 milhões) e onze veículos automotores (R$ 1,6 milhão). 

Doze candidatos já declararam ao TSE ter mais de R$ 1 milhão em espécie — juntos, eles têm R$ 27,6 milhões. 

Dinheiro Vivo

Guardar dinheiro em espécie não é considerado crime. A prática de manter dinheiro “no colchão”, porém, não é recomendável do ponto de vista financeiro, já que a moeda perde valor com o passar do tempo por causa da inflação. 

A pessoa que tem altas quantias em casa ou na sede de uma empresa, por exemplo, também está sujeita a uma série de imprevistos; de intempéries a roubo. No caso do patrimônio dos candidatos, o TSE não verifica a veracidade das declarações enviadas. Mas as informações prestadas à Justiça Eleitoral podem eventualmente servir de base para investigações posteriores pelo Ministério Público, já que os documentos são públicos.

Ligado ao Garimpo

Cataratas é empresário e garimpeiro, além de dono de empresas de táxi aéreo. Questionado pelo jornal O Globo sobre a razão de manter o montante em dinheiro vivo, ele disse que usa os recursos em suas atividades comerciais.

—Tenho essa capital de giro disponível por possuir uma PLG, que é a permissão de lavra garimpeira em nome de pessoa física, em que grande parte da operação é feita com movimento de recurso em espécie — afirmou o candidato.

O empresário se filiou ao PL em março deste ano, em cerimônia que contou que a presença do ex-senador Romero Jucá (MDB) e de Teresa Surita (MDB), ex-prefeita de Boa Vista, que disputa o governo do estado. 

Defensor do garimpo, o empresário costuma usar suas redes sociais para questionar ações do Ministério Público Federal e do Ibama contra as operações de fiscalização na região.