Presidente do PSOL diz que Brasil não precisa garimpar terras indígenas

Juliano Medeiros também disse que ciclo conservador em Roraima vai acabar e comentou sobre as candidaturas e alianças do partido a nível estadual e nacional, incluindo o apoio ao ex-presidente Lula, pré-candidato a presidente

O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, disse nesta quinta-feira (19) que o Brasil não precisa “afrontar as formas de vida tradicionais para extrair minérios”, em referência ao garimpo em terras indígenas.

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Cumprindo agenda em Boa Vista, Medeiros reforçou à Folha que a sigla é “totalmente contra” a mineração nesses territórios, bem como faz oposição ao Projeto de Lei que trata do tema, o qual tramita no Congresso Nacional.

“O problema hoje do Brasil é desigualdade social. A riqueza é produzida: foram mais de oito trilhões de reais de PIB [Produto Interno Bruto] no ano passado que ficaram concentrados na mão de uma minoria. Então, o problema não é falta de oportunidade, falta de dinheiro, falta de riqueza. O problema é a distribuição dessa riqueza”, declarou.


Avanço do garimpo no território indígena Yanomami (Foto: Hutukara Associação Yanomami)

Juliano Medeiros está na capital de Roraima, como parte de uma programação nacional de visitas aos diretórios estaduais do PSOL, com o intuito de alinhar estratégias para as eleições deste ano. Nesta quinta, às 18h30, ele vai participar de uma plenária com filiados e militantes locais.

Ciclo conservador em Roraima vai acabar, diz Medeiros

O presidente do PSOL acredita que a preferência do eleitorado roraimense por candidatos conservadores é um ciclo que vai acabar. “A ideia é que o PSOL esteja presente nas lutas sociais, apresentando um projeto alternativo pra enfrentar os problemas reais da vida do povo. Além de defender o direito dos indígenas, o meio ambiente, também tem um projeto para a saúde – que eu sei que é um problema grave aqui de Roraima -, a inclusão social, o combate às desigualdades e a geração de emprego”, reforçou.

Eleições 2022

Neste ano, o PSOL aposta nas pré-candidaturas ao Senado do artista indígena Bartô – que deve ser confirmado como o primeiro candidato do partido nessa categoria em Roraima -, e ao Governo do professor de História, Fábio Almeida.

“A gente sabe que vai ser uma eleição dura, é só uma vaga para o Senado. Não temos o Governo do Estado, a Prefeitura ao nosso lado aqui, mas a gente acredita nas ideias que defendemos”, reforçou, ao dizer que espera a eleição de ambos, ao citar o sucesso de candidaturas da sigla no passado, como do senador Randolfe Rodrigues, no Amapá, e do prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues. “As coisas são impossíveis até que alguém vá lá e faça”.

“A gente acha que, com o crescimento que o PSOL tem tido aqui [em Roraima], com o enraizamento nas lutas sociais, apresentando saídas para a crise que o país e o Estado vivem, a gente pode, sim, dialogar com amplos setores sociais e quem sabe chegar a vitórias eleitorais”.

Ademais, a sigla vai apoiar a reeleição da deputada federal Joenia Wapichana, da Rede Sustentabilidade, partido com o qual a sigla estabeleceu federação partidária. “É muito importante reeleger a única deputada indígena que o País tem, num estado que tem vivido tantos conflitos, tantas dificuldades em torno do tema dos povos indígenas”, destacou.

Neste contexto, nacionalmente, o partido promete lançar o maior número de candidaturas indígenas para deputados estaduais e federais, com mais de 20 nomes, sem contar com os da Rede. Ademais, o PSOL apoia a pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais como solução para a crise econômica, social, política e de governabilidade.

“No caso de Roraima, eu acho que não devemos nos enganar com a prosperidade econômica, que obviamente o Estado tem papel econômico importante na região Norte, no País. Roraima não é uma ilha, aqui também há desigualdade, pobreza, exclusão, bastante violência – o que é reportado pela mídia internacional e nacional em relação, por exemplo, aos povos indígenas”, disse.