Cotidiano

Em visita a Roraima, ministro da Saúde anuncia liberação de R$ 3,6 milhões

Ricardo Barros veio conhecer de perto a realidade do impacto nos serviços de saúde causado pela migração de venezuelanos

Roraima receberá R$ 3,6 milhões por ano para o funcionamento de 14 serviços na rede pública de saúde do Estado. O anúncio foi feito nesta terça-feira, 27, pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, durante visita ao Hospital Délio Oliveira Tupinambá, no município de Pacaraima, localizado na região Norte do Estado.

O ministro foi até o município para conhecer de perto a realidade do impacto nos serviços de saúde causado pela imigração de venezuelanos. No hospital de Pacaraima, o número de atendimentos a pacientes vindos do país vizinho representa boa parte das consultas e atendimentos realizados na unidade de saúde.

Barros anunciou também que o hospital do município passará por reforma a partir de março de 2017 e receberá novos equipamentos para suprir a demanda. “Eu me comprometi a destinar todos os equipamentos necessários para equipar o hospital nas necessidades que foram ampliadas com a imigração dos venezuelanos. Vim conhecer a realidade e colocar o Governo Federal à disposição para atender essa demanda adicional”, disse.

Ele informou que o ministério tem monitorado a situação em Pacaraima e enviou uma equipe da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) para a realização de um diagnóstico no local. “Já estivemos aqui fazendo a avaliação da situação e estamos tomando as providências necessárias dentro da nossa capacidade de atuação. Esse é um dos focos do Ministério e sabemos que a vigilância em saúde é fundamental. Vamos cuidar dessas pessoas que estão sofrendo com a importação de doenças”, afirmou.

A governadora Suely Campos (PP), que acompanhou a visita do ministro ao município, afirmou que o fluxo imigratório tem afetado diretamente a área da saúde no Estado. “Essa parceria do Governo do Estado e Município e com Governo Federal vindo conhecer a nossa realidade é importante. Nós contabilizamos um acréscimo de 70% de atendimentos feitos aqui com a chegada dos venezuelanos”, destacou.

Por conta disso, segundo ela, o Governo decretou, no começo de dezembro, Estado de Emergência na Saúde Pública. “É um novo momento que estamos vivendo com o fluxo imigratório que incide muito em relação à nossa saúde. Decretamos emergência em Pacaraima e Boa Vista, e com a vinda do ministro, anunciamos que iremos equipar as salas de cirurgia e salas de parto. Além disso, em março iremos iniciar a reforma estrutural do hospital e daremos condições para conseguirmos melhorar a saúde do Estado”, ressaltou.

ASSISTÊNCIA NA FRONTEIRA – Além da destinação de recursos, o Ministério da Saúde enviou quatro kits de medicamentos, com 268 quilos de materiais como antibióticos e anti-inflamatórios, luvas e máscaras descartáveis, para auxiliar nos atendimentos em Pacaraima. Também foi enviada uma ambulância do SAMU 192 para ampliar os atendimentos, e em novembro o município recebeu 12 mil itens, como insumos e medicamentos.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), só nos primeiros sete meses do ano, mais de 3,2 mil atendimentos foram realizados no município. No hospital Délio Tupinambá, o número de partos de venezuelanas, por exemplo, passou de dez por mês para mais de 20 partos somente em agosto. “O impacto começou mesmo a partir de março desse ano com a vinda dos venezuelanos, pelo fato de eles não terem medicamentos, material hospitalar, insumos e nós termos que fazer os atendimentos”, disse a diretora do hospital de Pacaraima, Carolina Lima.

Conforme Carolina, mais de dois mil exames laboratoriais são realizados por mês na unidade. “Além disso, temos raio-x de urgência e emergência e partos. Antes fazíamos um trabalho corriqueiro e toda essa demanda cresceu de forma repentina. Temos que fazer atendimento de alta complexidade e não temos equipamentos para atender”, lamentou. (L.G.C)

Mais de 7,6 mil venezuelanos já foram atendidos em unidades de saúde do Estado

Após uma rápida visita a Pacaraima, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, voltou a Boa Vista, onde visitou o Hospital Geral de Roraima (HGR) e o Hospital da Criança Santo Antônio. Na unidade estadual, ele conheceu a história de pacientes como Regina Suares, venezuelana internada há 50 dias após uma cirurgia no intestino. “Aqui temos remédio, tem alimentação, estamos sendo bem atendidos”, elogiou a paciente de Santa Elena de Uairén, que segue acompanhada pelo marido.

Regina é uma das 5.827 venezuelanas atendidas neste ano pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), responsável pelo HGR, Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth e Hospital Délio Tupinambá. Somente neste ano, 3.510 venezuelanos foram atendidos no hospital de Pacaraima; 1.536, no HGR; e 781, na maternidade. Se somados estes aos dados do Pronto Atendimento Cosme e Silva e do Centro de Atenção Psicossocial de Pacaraima, são mais de 7,6 mil atendimentos até o momento.