Cotidiano

Especialista diz que homens precisam ficar atentos a todos os tipos de doenças

Durante todo o mês será realizada a campanha mundial “Novembro Azul” pela conscientização da saúde do homem. Embora o movimento coloque em evidência o câncer de próstata e de testículo, além das doenças psicológicas, a ação também visa reforçar a consulta periódica aos médicos em diversas especialidades.

Segundo o médico urologista Mário Maciel, é preciso lembrar que o homem é vítima de muitas outras enfermidades. “Um em cada seis homens vai ter o câncer de próstata, mas apenas um ou dois vai morrer vítima dessa enfermidade, o que é muito pouco comparado com outros problemas”, afirmou.

Para o especialista, os índices de surdez, osteoporose, problemas cardíacos e fatalidades relacionadas ao envolvimento com drogas, álcool, acidentes de trânsito, homicídios e suicídios ainda são pouco falados e também precisam ser levados em consideração, informou o especialista. “O homem está tendo uma falta de periodicidade com a sua saúde, com seu check-up de uma maneira geral, não só com o urologista, mas com os seus dentistas, cardiologistas, nutricionistas, porque o homem não é só próstata”, frisou.

ANÁLISE GERAL – O médico também fez uma análise sobre a saúde do homem de maneira global. Segundo ele, os homens hoje são mais sedentários, mais obesos e fumantes mais do que as mulheres. Além disso, apresentam crescimento nos casos de ansiedade e depressão.

“Os homens também têm mais acidentes de trabalho e mais vítimas fatais do que as mulheres. De uma maneira global, os homens têm mais tumores do que as mulheres. Só nos Estados Unidos, por exemplo, os homens morrem três vezes mais do que as mulheres por problemas de colo, com tumores de intestino”, explicou.

O urologista esclareceu que existem vários fatores pela falta dos homens nos consultórios médicos, sendo o primeiro deles por razões culturais. Segundo Maciel, é muito enraizado que os latino-americanos têm uma cultura machista que acaba impactando na sua vida. “No início da história humana, o homem era associado à virilidade, força, provedor da família. E isso acabou adentrado para o mundo contemporâneo e impedindo que o homem procure ajuda”, afirmou.

Para o especialista, o reforço da ideia da mulher como o sexo frágil e do homem como o elo mais forte contribui para os estereótipos que o homem não precisa cuidar de si mesmo. “Então, a partir do momento em que o homem tem qualquer enfermidade ou passar por qualquer distúrbio psicoemocional ou físico, se ele expõe isso, ele vai estar se igualando ao sexo frágil. Ele acaba não querendo ir porque ele vai ter que mostrar para os amigos essa fragilidade. Ele tem que mostrar para a sociedade que é um super herói, um ser infalível, invulnerável. Quando ele procura uma assistência, às vezes é tarde demais para tentar fazer algum resgate da sua enfermidade”, esclareceu.

Outro fator apontado pelo urologista são as barreiras da representatividade nas unidades de saúde. “A maioria das atendentes do sistema público de saúde brasileiro é mulher. Inclusive tem um estudo que demonstra que dos 32 postos de saúde da Capital, a maioria das atendentes é do gênero feminino. E os homens entrevistados informaram que isso é um fato que impede o número de consultas nesses postos”, informou.

CAMPANHA – Para facilitar a participação dos homens em consultas médicas e ampliar a atenção com a saúde, o profissional acredita que é preciso que as campanhas educativas sejam realizadas não só no novembro azul, mas ao longo do ano. Outra situação seria um apoio das próprias empresas com os profissionais do gênero masculino.

“O estabelecimento deveria realizar campanhas de saúde dentro das unidades, levando profissionais para atender aos funcionários ou até flexibilizar mais os horários de trabalho para uma consulta médica. Às vezes, não há essa flexibilização e, se o homem falta, ele ainda é punido de certa forma e isso acaba impedindo a consulta”, explicou.

Horários alternativos de atendimentos de saúde e a presença de atendentes de gênero masculino nos postos de saúde também podem facilitar, acredita Maciel. “Os horários de acolhimento do serviço público coincidem com os horários de trabalho. Não tem um amplo horário extra, com oferta de consultas em período noturno e nos fins de semana e feriados. De repente fazer um pequeno ajuste de mudança. Poderia estar incorporando mais consultas ou mais visitas dos homens aos seus profissionais de saúde”, acrescentou.

Por fim, o urologista ressaltou que a Organização Mundial da Saúde preconiza que, para se ter uma vida equilibrada do ponto de vista afetivo, é preciso ter uma vida mais equilibrada, com a prática regular de exercícios físicos, alimentação balanceada e manter o contato próximo com os amigos. “Muitos homens não têm nem cinco amigos e isso o deixa vulnerável. Quando ele passar por uma turbulência, ele não tem com quem contar, não tem com quem compartilhar suas angústias e seus momentos de felicidade. Diferente da mulher. A mulher costuma expor para os familiares, colegas, para o cabeleireiro. O homem não. Ele não expõe seus sentimentos, acaba ficando cada vez mais enclausurado e isso favorece a ausência nas consultas”. (P.C)