Política

Especialista em segurança pública diz que estado é ausente

A necessidade urgente da construção de presídios de segurança foi apontada como fundamental por Carla Domingues

A socióloga especializada em Segurança Pública, Carla Domingues, foi uma das entrevistadas do programa Agenda da Semana desse domingo, 11, na Rádio Folha FM 100.3. Ela falou sobre a crise no sistema de segurança no estado e afirmou que o fato acontece devido à ausência da ação do estado.

“O estado fechou os olhos para a segurança pública e o resultado é o que estamos vendo agora. Essa situação vem se agravando ao longo dos anos, mas nos últimos dez anos se tornou mais notório e agora colhemos os frutos dessa ausência do estado”, explicou a especialista, que disse que isso contribuiu ainda para a instalação do crime organizado em Roraima. “Sabemos que o crime organizado atua de forma planejada, tendo um comando hierárquico bem definido. Podemos comparar com uma empresa, com gerente e demais cargos subordinados, atuando em vários estados da Federação, tendo uma matriz e as filiais. Mas tudo isso, é resultado da falta de ação/atuação do estado”, detalhou a especialista.

Outro ponto destacado por Carla é a necessidade de presídios de segurança no estado. “A Penitenciária Agrícola de Monte Cristo não é um presídio de segurança. Não sei como ele ainda não desmoronou, de tantos túneis que já foram cavados nele. Ali são os presos que mandam; determinam se um preso vai ou não a uma audiência, decidem quem vive e quem morre. É um absurdo”, declarou.

Falando sobre a ausência do Estado, a especialista disse que a falta de emprego, educação e saúde, leva a sociedade a buscar outras alternativas para suprir suas necessidades básicas, é neste momento que o crime organizado se fortalece, pois atua nas comunidades suprindo suas necessidades e assumindo ações que deveriam ser do estado.

“E as perspectivas para os próximos anos não são as melhores, pois o novo governo vai assumir com uma dívida muito grande, o que inviabiliza investimentos, em especial a curto prazo, em todas as áreas, e claro na segurança pública”, disse.

Para a especialista, a segurança pública é mais que repressão, é prevenção; e isso se faz fortalecendo a educação, criando empregos e dando dignidade à sociedade.

Sobre a ressocialização dos detentos que deveria acontecer no sistema prisional, Carla disse que é impossível cumprir essa função em um presídio superlotado, como está hoje a Pamc. “Não temos mais nenhuma ação de ressocialização sendo desenvolvida nos presídios do estado. Como esses detentos irão voltar ao convívio social? Na verdade, a tendência é sair do presídio pior do que entrou”, afirmou.

 A solução para resolver esse problema, segundo Carla, é a construção de presídios de segurança e a separação dos presos, levando em consideração o seu grau de periculosidade.

E ainda, que o estado volte a tomar o controle da sociedade, suprindo suas necessidades e atuando de forma norteada na Constituição Federal, que preconiza que o estado deve garantir ao cidadão, educação, saúde, moradia e segurança. “Esse é o caminho mais eficaz para resolver o problema da segurança pública no estado”, finalizou a especialista.

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