Cotidiano

Estiagem impacta atividades econômicas

Na agricultura, produtores precisam se adaptar ao período seco e diminuir ritmo de produção

Nesta sexta-feira, 22, comemoramos o Dia Mundial da Água. A data foi criada como forma de alertar a população para importância da preservação deste bem natural que garante a sobrevivência de todos os ecossistemas do planeta. Pensando nisso, a Folha publica uma série de reportagens em alusão à data.

Esta reportagem destaca a importância da água para atividades econômicas, como a pesca e agricultura, que têm força na economia local. E ambas são afetadas quando há escassez no Estado.

AGRICULTURA – De acordo com presidente do Sindicato de Agricultores de Boa Vista, Almir Sá, é impossível para qualquer produtor competir no mercado sem investir em tecnologias para irrigação, pois o clima do Estado obriga os agricultores a fazer uso da técnica.

“O nosso clima obrigatoriamente exige irrigação. Não tem saída, é preciso ter tecnologia de irrigação e ter também os cuidados necessários de preservação porque a água é um produto essencial”, declarou Sá que disse também que é obrigação dos produtores cuidarem das mananciais e das reservas.

Roraima passa pelo período seco e para lidar com a situação Almir Sá disse que é preciso se adequar ao problema. O momento pede menos produtividade e mais controle. Tanto que o próprio presidente disse que faz uso de água somente a cada três dias, durante este período, para evitar o desperdício.

PESCA – “Sem a água, a humanidade não tem como sobreviver. Então é de grande importância que haja água e que seja de qualidade”, comentou o presidente da Federação da Colônia de Pescadores do Estado de Roraima, Rafael Pinheiro.

Quando maio se inicia, a pesca profissional fica proibida até o fim de junho. E para lidar com a situação, os pescadores recebem um auxílio mensal do governo federal. Basta procurar uma unidade das colônias de pescadores.

“Mas isso no caso dos pescadores que são vinculados a alguma entidade. O pescador que não é, pode ter o mesmo direito, mas procurando diretamente uma agência da Previdência Social”, explicou.

Ainda de acordo com Pinheiro, o grande problema enfrentado pelos profissionais da pesca é a poluição que afeta diretamente a qualidade dos rios e a presença de peixes. Por isso, segundo ele, os maiores entraves para os pescadores são o garimpo ilegal, que estariam ocorrendo em Uraricoera e Mucajaí, e a Companhia Águas e Esgotos de Roraima (Caerr) que estaria despejando esgoto diretamente no Rio Branco.

“A colônia de pescadores de Boa Vista também fez denúncias no Ministério Público Federal e no Ministério Público Estadual na área do meio ambiente sobre o despejo do esgoto da Caerr. E a Fundação do Meio Ambiente do Estado já aplicou uma multa na companhia no ano passado e até agora a situação não foi solucionada”, contou Pinheiro.

Escassez de água atinge diretamente a economia

Como o preço de qualquer produto varia conforme a escassez ou disponibilidade, é possível que o valor do consumo de água se eleve e, caso isto ocorra, todas as atividades dependentes do líquido precioso também sejam impactadas.

De acordo com o economista Dorcílio Erik, um aumento no valor do consumo de água neste momento não seria uma tentativa de lucrar, mas sim de alertar a população para o momento que o Estado vive e tentar educar sobre o consumo do recurso hídrico.

“A nossa população não está educada ambientalmente para o uso consciente dos recursos naturais. E quando vamos para o lado econômico, sabemos que o preço de um produto varia conforme a escassez, e vivemos um período em que a própria fornecedora de água passa a informação de que não está conseguindo captar água do modelo tradicional, está utilizando balsas de captação”, argumentou. (F.A.)