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Isolamento total adotado no Brasil não é eficaz, diz especialista

Para o toxicologista Dr. Anthony Wong, suspensão das atividades custa mais caro aos cofres públicos e aumenta letalidade

O médico pediatra, toxicologista e diretor do Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), professor universitário Dr. Anthony Wong, é um dos profissionais de saúde do Brasil que defende o isolamento vertical, ou seja, somente para as pessoas vulneráveis à doença. Para Wong, o isolamento total não é eficaz.

Em entrevista à Rádio Folha 100.3 nesta terça-feira, 23, o médico explica que o protocolo de isolamento vertical começou na Coreia e no Japão no fim de janeiro. Na ocasião, os países testaram as pessoas que vinham da China ou descendo dos aviões com medição de temperatura. Quem tinha febre alta, era isolado e os demais liberados, mas mantendo a monitoração, afirma.

Segundo o especialista, na época não se sabia ao certo quais eram os vulneráveis, mas já haviam identificado o volume maior de casos em idosos, hipertensos, obesos ou com alguma comorbidade.

“Essas pessoas eram catalogadas e se tivessem qualquer sintoma, que avisasse. Se tivesse, ia uma equipe analisar e levar para o hospital para isolar. O resto da família era tratada e isolada. Quando vinha do exterior, também era isolada. O resto da população ficou livre para trabalhar e andar”, informou. “Evidentemente usando máscara, higienização e sempre andando com distanciamento social de 2m”, acrescentou.

O toxicologista afirma que, desta forma, o Governo da Coreia conseguiu gastar menos recursos, pois trataram somente aqueles que precisavam e quem necessitou, recebeu uma atenção redobrada. “Então, a mortalidade também caiu por que as pessoas entraram com tratamento adequado antes que a doença piorasse. Ficaram com menos hospitais e UTI’s ocupadas. Isso se chama intervenção vertical”, declara. 

Para Wong, a mesma forma de isolamento deveria ser adotada no Brasil. Ou seja, não com suspensão total das atividades, assim como acontece com outras enfermidades já conhecidas do país.

“Se tiver um surto de sarampo, não vão fechar a cidade inteira. Vão quarentenar as pessoas que tiveram contato. O resto, as pessoas que moram em outro bairro, não precisam ficar quarentenados. Não tiveram contato com o vírus”, afirma. “Desta forma a economia não sofre, as pessoas não sofrem de doença psicológica por conta da quarentena. O Brasil adotou a quarentena burra e isso é culpa dos governadores. O Governo Federal pediu que fizessem o isolamento radical”, complementou.