Cotidiano

Família denuncia que idosa está sem alimentação no HGR

FABRÍCIO ARAÚJO

Colaborador da Folha

Maria Gomes da Silva está internada no Hospital Geral de Roraima (HGR) desde 18 de janeiro. A paciente é idosa e não se alimenta há três semanas por um fechamento no esôfago. Antes de ser internada, ela estava sendo tratada em postos de saúde, mas após uma visita de sua neta, a família percebeu que a situação precisava de mais atenção e a levaram para o HGR.

Era necessária uma endoscopia para constatar o que estava havendo com a paciente, mas de acordo com a denunciante que optou por não se identificar, a família foi informada que o hospital não estava oferecendo o serviço, pois era realizado por uma empresa terceirizada que não recebeu os pagamentos do governo e suspendeu o serviço.

“Ela foi do HGR e realizamos o procedimento em um hospital particular. O médico não conseguiu fazer a endoscopia porque ela está com um fechamento no esôfago e isso a faz vomitar tudo o que come porque não passa”, declarou.

A família aguarda o resultado da biopsia que deve sair em 15 dias, mesmo tendo sido solicitada com urgência porque a paciente está há três semanas sem se alimentar e já aparenta estar muito debilitada. Desde que foi internada, ela só recebe soro. A idosa precisa de uma alimentação especial, que é a nutrição parenteral total.

“Ela precisava se alimentar pela veia, então falaram que solicitariam o acesso central, mas só que o hospital não está tendo este tipo de alimentação, que é a NPT [nutrição parenteral total], há um mês. Eles disseram que a empresa de Manaus não está mais fornecendo para o governo”.

A família foi orientada pelo Ministério Público a exigir um laudo médico, mas de acordo com a denunciante isso resultou em outro problema. Os responsáveis que atenderam a paciente disseram que se trata de uma atribuição do diretor técnico do hospital.

“Um fica passando para o outro e neste período ela continua sem se alimentar, está desidratada e vai morrer de fome. Não vai ser nem por causa da doença. Eles só dizem que não podem fazer nada e que preciso ‘correr atrás’ com a administração”.

De acordo com a denunciante, tanto a ouvidoria do hospital, quanto o diretor já foram acionados, mas nada foi resolvido.

O OUTRO LADO – Em nota, o Estado respondeu que a atual gestão recebeu praticamente todas as unidades hospitalares com sérios problemas, principalmente em relação ao abastecimento, o que influencia no tempo de atendimento dos pacientes.

Declarou ainda que o principal objetivo da nova administração é dar celeridade aos processos de aquisição de medicamentos e materiais médico-hospitalares.

Segundo o Estado, a endoscopia continua sendo ofertada no HGR, mas há alguns procedimentos que estão suspensos, aguardando a chegada do material, assim como espera o recebimento de insumos para oferecer nutrição parenteral.

Quanto ao laudo, o médico não pode se recusar a oferecer. Quando ocorrer negativa, o paciente deve procurar o diretor clínico do HGR e a ouvidoria interna para solucionar a questão. (F.A)