Cotidiano

Fogos de artifício podem ferir e causar transtornos

Corpo de Bombeiros orienta para os cuidados que devem ser tomados desde o momento da compra

LEO DAUBERMANN

Editoria de Cidades

Estrela das comemorações de fim de ano, os fogos de artifício dão brilho e beleza às festas, mas podem representar grande perigo para crianças e adultos, caso sejam manuseados de forma inadequada. De acordo com o perito de incêndio e explosões, do Corpo de Bombeiros Militar de Roraima (CBMRR), 1º TEN BM Wenderson Carlo Brito da Silva, alguns cuidados devem ser seguidos à risca para “garantir a chegada do ano novo sem contratempos”.

“A primeira dica que o Corpo de Bombeiros sempre dá é que, ao adquirir os fogos de artifício, a pessoa procure antes saber se o local onde vai ser efetuada a compra é credenciado junto à Corporação, se possui o auto de vistoria vigente daquele ano. Só então o consumidor vai ter a certeza que está adquirindo um produto de qualidade”, orienta o perito.

Ainda de acordo com o perito de incêndio e explosões, é preciso ter cuidado, tanto na hora do armazenamento como no manuseio dos fogos de artifício, para que o artefato não se torne um problema na hora de ser usado.

“Antes do manuseio, tem a questão do armazenamento, é bom sempre guardar em local seco, longe da humidade e dos raios solares. As pessoas costumam comprar fogos de artifício para festividades e costumam utilizá-los em datas posteriores, é bom guardar esses artefatos dentro da caixa da qual eles foram comprados, para conferir o prazo de validade, sempre que necessário”, disse.

Além disso, de acordo com o perito, menores de 18 anos nunca devem manusear artefatos explosivos. “Orientamos que somente os adultos façam uso dos fogos de artifício e que procurem improvisar uma haste para que não tenha contato com as mãos. É importante que não haja pessoas próximas no momento de acendê-los. O disparo deve ser feito somente ao ar livre e longe de qualquer substância inflamável ou rede elétrica”, destaca o perito do Corpo de Bombeiros.

Ele ressalta que a combinação de bebida alcoólica com o manuseio de artefatos explosivos não é adequada. “É importante que a pessoa que for manusear os rojões esteja sóbria”, completa.

Como agir em caso de acidentes – Os acidentes mais comuns com os fogos são queimaduras e mutilações, havendo ainda riscos para audição e riscos de cegueira. Ainda há riscos de princípio de incêndio em casas e terrenos baldios devido à vegetação seca desta época do ano. Em caso de emergência, de acordo com o perito de incêndio e explosões, 1º TEN BM Wenderson Carlo Brito da Silva, deve-se manter a calma e acionar imediatamente os bombeiros ou Samu.

“Os danos ocasionados por fogos de artifício devem ser tratados como queimaduras normais, colocar o local exposto pela queimadura em água corrente, temperatura ambiente, fazer o acionamento das nossas guarnições do Corpo de Bombeiros 193 ou através do telefone do Samu 192, para que a gente possa fazer esse atendimento e resguardar a integridade física da pessoa, nesse primeiro momento”, disse.

Mercado aquecido – Os itens mais procurados no mercado de fogos de artifício, de acordo com o empresário Alexandre Gonzaga, há 14 anos no ramo, são os artefatos classe A, B e C, que são os de uso manuais, como os foguetes tradicionais, de tiro e cor, com efeitos visuais e sonoros. “A queima de fogos é uma questão cultural, já virou tradição, mesmo quando o dinheiro anda curto, as pessoas não deixam de comprar. Essa última semana a procura tem sido grande, por diversos tipos de artefatos, principalmente os de efeitos visuais e sonoros”, disse.

O empresário Alexandre Gonzaga, que é blaster em pirotecnia, fala da diferença entre os fogos de artifício (Fotos: Nilzete Franco/Folha BV)

Alexandre, que é blaster em pirotecnia, popularmente conhecido como encarregado do fogo, ressalta que se as instruções contidas nas embalagens forem seguidas, a maioria dos acidentes pode ser evitada. “O certo mesmo é sempre procurar as orientações que vêm na embalagem e seguir as instruções do fabricante. E a dica mais importante para manuseio é nunca segurar o artefato na mão, manter sempre a uma distância de, no mínimo um metro e vinte da pessoa. É importante ter consciência que o artefato é inflamável”, orienta.

Se a ideia for utilizar os artefatos de forma contínua, o ideal, de acordo com Alexandre, seria colocar o primeiro artefato fixado numa base ou cabo de madeira. “Após a deflagração do primeiro artefato, coloca-se um sob o outro, ao longo do cabo de vassoura, trazendo tranquilidade e responsabilidade na hora do manuseio”, completa.

Animais de estimação sofrem com barulho dos fogos

Com sensibilidade auditiva maior que a dos seres humanos, os animais ficam nervosos e agitados com o barulho dos fogos de artifício. Existem, inclusive, diversos registros de animais mortos por causa do barulho excessivo provocado pelos artefatos. O que é motivo de alegria e deslumbramento entre as pessoas, acaba sendo de desespero para animais.

Para a médica veterinária Ticiane Librelloto, o ideal seria usar fogos de artifício sem barulho, o item já é usado em algumas cidades brasileiras. “Os bichinhos sofrem demais com a questão do barulho dos fogos e, então a gente pediria, se fosse possível uma atenção especial das autoridades para tentar fazer a festa de final de ano com fogos, mas sem o barulho, só com a luz”, disse.

“Nessa época do ano a gente recebe muitos animais aqui na clínica, convulsionando, animais que tentam fugir e ficam presos em grades, que são atropelados, tem muito animalzinho que é cardiopata, tem bichinho de rua, que tem ninhadas, principalmente gatinhos, que fugindo e deixando os filhotes para traz, então, são ‘ene’ situações que acabam ocasionando esse prejuízo”, diz a médica veterinária.

De acordo com a médica veterinária, as pessoas acabam agindo de maneira insensível ao não levar a sério a gravidade da situação. “É muito triste para a gente que trabalha no ramo, ver que pessoa que tá lá na festa, curtindo, às vezes acaba não entendendo o porquê de tanto alarde com essa questão do barulho. E é sempre bom lembrar que o barulho excessivo dos fogos de artifício não fazem mal somente para os animais, mas também para quem tem filho pequeno em casa, autistas, idosos ou com alguma doença”, lembra.

Para poupar os bichinhos de estimação, a recomendação é tratamento homeopático e com tranquilizantes, dias antes da festa. “É possível criar um ambiente seguro para os animais de estimação, para minimizar os riscos de fuga ou para evitar que eles se machuquem, é importante não deixar objetos que eles possam derrubar e não deixar portas ou janelas abertas, mas evitando que o ambiente fique excessivamente aquecido”, ressalta a veterinária.

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