Política

Governador diz não poder concordar com roubo de dinheiro

Uma indicação de rompimento entre o vice-governador Frutuoso Lins e o governador Antonio Denarium causou rebuliço no mundo político

Uma postagem em rede social do vice-governador Frutuoso Lins (PTC) afirmando que não era ouvido no governo e que até o fim da tarde de ontem tinha mais de 300 comentários, causou alvoroço no meio político boa-vistense.

Em reportagem exclusiva da Folha de Boa Vista, o governador Antonio Denarium (PSL) disse que ficou surpreso com a declaração do vice de que não estaria cumprindo as promessas de campanha.

“Não ficou claro que ações são essas que o vice-governador está falando. Ele disse que não concorda com as posições tomadas pelo governo, mas todas as posições que tomei foram voltadas ao combate à corrupção e à melhoria de vida das pessoas. Ele tem que deixar claro com o que é que não concorda, pois nunca conversou comigo sobre isso e fiquei surpreso com a declaração dele”, afirmou.

Sem citar nomes, Denarium afirmou que não pode aceitar roubo de dinheiro público.

“Eu não concordo com corrupção, não concordo com médicos que recebem plantão sem trabalhar, com desvios de conduta, com licitações de R$ 12 milhões, que cancelamos e compramos a mesma coisa pela metade do preço, não concordo com desvio na merenda. Então, são essas ações que o pessoal não concorda com a gente e quer continuar fazendo”, destacou.

O governador disse ainda que o suposto “fogo amigo” do vice-governador Frutuoso não atinge em nada o governo. 

“Qual a posição do vice? Tem um papel fundamental no governo e quando o governador precisar vai atuar em alguma ação e não necessariamente precisa ser um secretário. Na hora que precisar da atuação, ele atuará, mas não tenho que dividir todas as decisões do governo com o vice-governador”, explicou.

Denarium deixou claro que seu objetivo é resolver os problemas de Roraima em curto prazo e que isso envolve acabar com as práticas de corrupção e benefícios individuais que são comuns no Estado.

“Minha proposta é arrumar o Estado, hoje, e não fazer politicagem. Não tenho vaidade pelo cargo e, se não fosse governador, estava tocando a vida profissional e pessoalmente da mesma forma. Aceitei o desafio de ser governador, trabalhei muito na campanha e não tenho medo de atingir os interesses das pessoas. Sei que elas se aborrecem com a gente por conta desses interesses, mas estou fazendo minha parte. Estou combatendo a corrupção”, garantiu.

‘Não quero fazer um calote eleitoral’, diz vice-governador

O vice-governador de Roraima Frutuoso Lins (PTC) disse em entrevista exclusiva para a Folha de Boa Vista que as promessas de campanha feitas pelo governador Antonio Denarium (PSL) não estavam sendo cumpridas.

“Quem olha para a campanha e para esse período pós-eleição vê que está diferente em relação às atitudes. Não sou homem de duas palavras. O que abro a boca para falar é para acontecer. Durante a campanha em Roraima, fiz um discurso para milhares de pessoas. Eu faço o que tenho que fazer ou vou para a população e digo que aquilo que prometi não é possível ser feito. Não me sinto traído pelo governo, mas estou dando ao governador a possibilidade de que ele lembre seu discurso de campanha”, avaliou.

Frutuoso deixou claro que levou seu capital moral para o governo de Roraima e que esperava que isso fosse respeitado.

“Eu emprestei minha credibilidade para o governo e agora estou tirando meu nome da credibilidade do governo. Tenho meu capital político próprio e quero manter o que falei para inúmeras pessoas que acreditaram em mim. Não quero fazer um calote eleitoral”, ressaltou.

O vice-governador disse ainda que não está rompendo com o governo.


Frutuoso Lins falou sobre seu descontentamento com o governo (Foto: Divulgação)

“Mas não estou rompendo. Eu continuo vice-governador, mas com meu pensamento livre como sempre foi para dizer o que penso a quem quer que seja. Vou falar o que bem quiser, a quem bem entender sem me preocupar com o capital político que vou atingir.”

Frutuoso disse que não houve nenhuma gota d´água que o levasse a tomar essa atitude. 

“Não houve nada disso. Eu estava absorvido dentro do governo, trabalhando, mas tirei uns dias para tratar a saúde da minha esposa e aproveitei e vi o problema de fora. Me conheço e sei o que posso e não posso fazer e o que deve ser feito. Sou muito claro nas minhas posições e não sou pessoa que deixa de dizer o que pensa dentro do respeito e dentro da hierarquia. Sou vice-governador eleito e tenho diploma, e não posso ser mandado embora”, afirmou.

O vice-governador afirmou que seu descontentamento nada tem a ver com cargos ou indicações políticas. “Não estou fazendo isso por troca de secretarias nem nada disso. É que eu acho que as coisas que foram ditas na campanha têm que ser cumpridas e apenas isso”, considerou.