Política

Governo terá de negociar com o legislativo, diz especialista

De acordo com o cientista político Roberto Ramos, grupo empresarial que apoia Denarium pode ajudar governo a estabelecer diálogo mais estreito com determinados parlamentares

LEO DAUBERMANN

Editoria de Política

Tanto o governador eleito e interventor federal Antonio Denarium (PSL) como o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) terão que negociar com parlamentares para que possam ter capacidade de governança. A afirmação foi do cientista político Roberto Ramos, professor doutor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), em entrevista ao programa Agenda da Semana desse domingo, 30, na Rádio Folha FM 100.3.

“Imagino que o governador Antonio Denarium vai ter dificuldade em tentar estabelecer uma relação com a Assembleia Legislativa sem que haja a relação de troca. O mesmo vale para o Bolsonaro, não tem como aprovar nada, se não tiver a política de trocas, se o governo não ceder, não avança”, disse o cientista político.

De acordo com Roberto Ramos, a visão pragmática, a partir da concepção empresarial do Denarium, é um ponto positivo e vai ajudar a estabelecer desde o início um diálogo mais estreito com o Poder Legislativo estadual. “Essa vontade que o governador tem, de fazer com que as coisas aconteçam é muito animador. Mas, ao longo do período, imagino que essas pautas mais emergenciais para o governo estadual, ao chegarem à Assembleia encontrem dificuldade, e só sejam liberadas depois de uma troca estabelecida”, explica.

Ainda de acordo com o cientista político, o grupo empresarial que apoia Denarium pode ajudar o governo a estabelecer um diálogo mais estreito com determinados parlamentares, devido às relações que mantêm, “mas a Assembleia, no geral, vai querer sim manter uma certa autonomia e estabelecer um ponto de relacionamento com o governo do estado. Parte dos deputados não vai querer fazer isso sem que aquela ‘velha política’ seja colocada em prática”, ressalta.

O cientista político também comentou sobre a relação entre o governador e o presidente da República, que segundo ele, gera muitas expectativas aos roraimenses. “Há uma expectativa, pelo menos por parte do eleitor de ambos, por serem do mesmo partido, que o governo do estado possa receber um apoio maior do governo federal. Creio que essa vai ser uma pauta que vai necessitar de muito diálogo, desde o início, porque ele [Bolsonaro] vai estar tão preocupado com a sua própria agenda, que talvez não dê a atenção esperada e que atenda as expectativas geradas no âmbito estadual”, disse.

O receio, de acordo com o cientista político, é de que o presidente eleito atenda as demandas, não pela ótica do governo do estado, mas pela ótica militar. “Os militares têm uma visão sobre a Amazônia e sobre fronteiras, inclusive as fronteiras de Roraima, visão bem diferente da ótica de quem governa, de quem é gestor público. Mas a gente torce para que o governador eleito possa conseguir desenvolver uma pauta positiva para Roraima”, enfatizou.

E a bancada eleita tem um papel decisivo para dialogar com o governo federal, de acordo com Roberto Ramos. “Esse diálogo com o presidente da República e com os Ministros é de extrema importância para os assuntos de relevância para o estado. Uma bancada unida e coesa faz a diferença. Precisamos de lideranças que pratiquem uma política mais responsável”, completou.