Cultura

Indígena roraimense tira nota máxima em mestrado no RJ

Até os 12 anos de idade Dilson Ingarikó não sabia falar português

Em uma história de superação que merece destaque e comemoração, o indígena Dilson Ingarikó foi aprovado com nota máxima para o mestrado de ciência jurídica e sociologia da Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro. O projeto Terra de Siikë: Etnoregião Ingarikó Wîi Tîpî ou Parque dos Karaiwa recebeu nota 10 e irá abordar a região do Parque Nacional do Monte Roraima, que para o povo Ingarikó é sagrado.

O pesquisador nasceu no extremo Norte do Estado de Roraima, próximo ao Monte Caburaí e Monte Roraima, na tríplice fronteira Brasil, Guiana e Venezuela. Até os 12 anos de idade não sabia falar português. “Observava o sofrimento de meu pai, Sales Ingaricó, pois ele era liderança e participava de reuniões fora da comunidade, porém ele não tinha a compreensão da escrita nem mesmo da fala da língua portuguesa. Percebi que se houvesse alguém na comunidade familiarizado com o português, tudo seria melhor.” relembra.

Dilson se formou em magistério Indígena e participou da primeira turma de Licenciatura Intercultural, em 2003, na Universidade Federal de Roraima (UFRR), fazendo parte da articulação para a criação do Conselho do Povo Indígena Ingarikó (COPING), tendo sido o seu primeiro presidente.

De 2004 a 2008, atuou como vereador no município de Uiramutã (RR) e, no período de 2006 a 2012, foi membro suplente da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI). Exerceu a função de secretário do Índio do Estado de Roraima (SEI/RR) no período de 2016 a 2018.

“Meu grande sonho sempre foi ser professor e poder contribuir melhor para o meu povo Ingarikó e, principalmente, ajudar a sairmos da invisibilidade que o Estado brasileiro nos coloca. Quero que o indígena atue como um agente participativo, tenha conhecimento da causa indígena, acesso as leis e regras para poder atuar e trazer desenvolvimento e estrutura para comunidade” disse.