Polícia

Investigação da Polícia Civil já fechou cinco agências de viagem

Conforme investigação, suspeitos se conhecem, mas agiam separadamente; sete pessoas respondem em liberdade

Desde outubro do ano passado, 141 Boletins de Ocorrência (BO) foram registrados contra agências de viagem em Roraima por estelionato.

A explosão de denúncias desse tipo em Boa Vista fez com que a Delegacia de Defesa do Consumidor da Polícia Civil iniciasse uma investigação em novembro do ano passado, que resultou no fechamento de cinco empresas comprovadas como envolvidas.

Segundo o titular da delegacia, Glauber Lorenzini, apesar de o número de boletins já ser alto, a quantidade de vítimas é maior ainda. Ele contou que existem B.Os que chegaram a ter o registro de 10 vítimas.

Ao todo, sete pessoas foram indiciadas e estão respondendo em liberdade, por terem demonstrado disposição em colaborar com as investigações.

“Os preços ofertados eram sempre com descontos absurdos, de mais de 50% às vezes. Era realmente para captar o máximo possível de pessoas. Já vimos casos de passagem de ida e volta de Brasília sendo ofertada a R$ 500,00. As vítimas topavam a promoção, geralmente para meses depois, e só descobriam o golpe na hora de viajar, quando ao fazer check-in, se depararam com o código das passagens como inexistente”, explicou o delegado.

O delegado também destacou que o valor arrecadado é desconhecido até pelos próprios praticantes, o que, segundo ele, demonstra certo nível de amadorismo no esquema, fomentado por pessoas que gastam e constroem um estilo de vida pouco sustentável.

“Estamos falando de pessoas que trabalham em um nível de amadorismo muito nítido. Eles não possuem noção do quanto de dinheiro que conseguiram. Eles não possuem um sistema, nem cadastro de empresa. Todos são jovens, na média de faixa-etária dos 22 anos, e realizavam a divulgação e venda de passagens por redes sociais. Muitos dos autores dos golpes tinham diversos seguidores, amigos ou contatos, o que facilitava as vendas”, frisou.

Segundo o delegado, apesar de os autores dos golpes se conhecerem, eles não compactuam de um esquema único, dando brecha para que pessoas possam realizá-lo de forma livre.

“Os golpistas se conheciam, mas não chegava a ser um esquema coletivo. Todos agiam de forma individual dentro de cada empresa. Todos os nomes aqui citados são de pessoas que se apresentaram como donos, vendedores ou sócios. Existe um caso, de um casal, a dona e o vendedor, praticarem o esquema. Esse vendedor abriria outra empresa depois, que também foi indiciada”, comentou.

O delegado Glauber Lorenzini concluiu reforçando que a investigação continuará ocorrendo de forma permanente, uma vez que esquemas como esse tendem a serem descobertos e criados de forma ininterrupta daqui para frente.

“Fazemos essa coletiva como uma forma de satisfação para as vítimas, que são centenas, quanto ao andamento das investigações. Mas ainda estamos desdobrando esses esquemas, pois já sabemos que existem mais do que sete pessoas com algum tipo de envolvimento. As cinco empresas estão fechadas. A delegacia está mantendo essa investigação como permanente, uma vez que o combate a esse tipo de estelionato se tornou uma necessidade”, concluiu. (P.B)