Política

Jatapu não será repassada à empresa vencedora de leilão 

Governo do Estado continua com a hidrelétrica e, se a empresa quiser energia para abastecer os municípios do sul do Estado, terá que adquirir de Jatapu ou usar termoelétricas

Após muita discussão sobre a situação envolvendo a usina hidrelétrica de Jatapu, localizada no Município de Caroebe, o presidente da Companhia Energética de Roraima (Cerr), Kleber Coutinho, confirmou em entrevista à Folha que a hidrelétrica de Jatapu não fará parte dos bens que integram os ativos da Boa Vista Energia ou da empresa que venceu o leilão, a Oliveira SA. O Estado continua com a geração de energia em Jatapu, mas não cuidará mais de distribuição e comercialização.

“O que foi leiloado era o que estava dentro da concessão da portaria 425 e Jatapu não faz parte dessa portaria. O Estado continua com a hidrelétrica, com a geração de energia nela e, se a empresa quiser energia para abastecer os municípios do sul do Estado, terá que adquirir de Jatapu ou usar termoelétricas, que são mais caras, mais poluentes e não atendem de forma correta a demanda”, explicou.

A hidrelétrica tem capacidade máxima de 10 megawatts, sendo possível atender os municípios de Caroebe, São Luiz e São João da Baliza, chegando até Rorainópolis. Segundo estimativas do Governo do Estado, cerca de 50 mil moradores podem ser atendidos com a energia da usina, que é administrada pela Cerr e distribuída pela Eletrobras Roraima.

Coutinho explicou ainda que se judicializou até mesmo o uso das termoelétricas naquela parte do Estado.

“Vamos tentar manter uma tarifa hídrica, não tarifa termoelétrica, então os três municípios: São João da Baliza, Caroebe e São Luiz precisam ter uma tarifa diferenciada porque a geração de Jatapu é hídrica e não termoelétrica e é isso que nós vamos brigar na justiça. Imagina, se você paga hoje R$ 200 e pode pagar R$ 600, vai querer receber R$ 600. Então a briga vai ser feia, e a disputa será se o fornecimento para o sul do Estado será por meio de Jatapu ou se será pela termoelétrica”, comentou. 

O presidente da Cerr esclareceu que a União não efetuou o ressarcimento dos bens ativos da empresa, avaliados em R$ 297 milhões pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), após a extinção da concessão feita pelo Governo Federal em 2016. 

“A Oliveira tem 60 dias para assinar o contrato, então até o final do ano precisa ter assinado esse contrato de concessão, no qual vai ter que pagar, inclusive, as dívidas que está assumindo junto à Boa Vista Energia, as dívidas referentes à Cerr, que serão feitas em acerto separado, ainda no prazo desses 60 dias”, frisou.

Coutinho disse ainda que a única dívida que a Eletrobras vai assumir é a indenização dos funcionários, pois as outras dívidas serão assumidas pela empresa vencedora do leilão. Também explicou que a companhia energética venceu na Justiça uma pendência em relação à dívida.

“Agora poderá inscrever nos ativos da Boa Vista Energia, um valor aproximado de R$ 580 milhões que seria a dívida da Boa Vista Energia para com o tesouro Estadual. Tem uma liminar da justiça estadual, foi dada nesta sexta-feira”, citou.

Cerr quer financiar placas solares

A Cerr está em diálogo com empresas que dominam a tecnologia de geração de energia solar e tem um projeto para instalação de placas solares em residência em curto espaço de tempo.

“A tecnologia de geração de energia solar em Roraima é possível e viável. Estamos trabalhando para a efetivação desse projeto, de forma que tenhamos uma nova fonte de energia para o Estado. Estaremos vendendo placas solares financiadas para os consumidores. Essa é uma proposta já para o próximo ano, permanecer com a hidrelétrica de Jatapu e fornecer a placa solar para residências para poder baratear o custo da energia em Roraima”, anunciou.