Cotidiano

Juíza apontada por Jucá não responde a processos, afirma CNJ

Em nota senador cita que magistrada responderia a processos por abuso de autoridade

A afirmação do senador Romero Jucá (PMDB), de que a juíza substituta Ana Emília Aires da 4ª Vara da Justiça Federal em Roraima, responderia a processos por abuso de autoridade  não procede.

Conforme o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a magistrada que autorizou os mandados de busca e apreensão e condução coercitiva executados hoje, 28, contra filhos e ex-enteadas do parlamentar, não responde por nenhum processo.

No entanto, a juíza Luiza Farias da Silva Mendonça, titular da 4ª Vara responde por uma reclamação disciplinar autuada em 4 de setembro de 2017, tendo como reclamante Rodrigo Jucá (filho do senador Romero Jucá).

O CNJ esclareceu ainda que a reclamação disciplinar está em processo de análise e corre em sigilo para preservar as investigações.

“Recebo essa agressão a mim e a minha família como uma retaliação  de uma juíza federal, que, por abuso de autoridade, já responde a processo no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Tornarei público  todos os documentos que demonstrarão a inépcia da operação de hoje”, diz um trecho da nota do senador divulgada a imprensa na manhã de hoje, onde ele se refere a juíza que autorizou os mandados.

 

OPERAÇÃO – A Polícia Federal em Roraima, em conjunto com a Receita Federal, deflagrou a Operação Anel de Giges, na manhã de hoje, 28, com o objetivo de investigar organização criminosa acusada de peculato, lavagem de dinheiro e desvios de verbas públicas.

São alvos de busca e apreensão, os filhos e ex-enteadas do líder do Governo no Senado Romero Jucá (PMDB/RR).

Em Roraima, os mandados foram cumpridos na Fazenda onde mora a Prefeita Teresa Surita e sua filha, Luciana Surita da Motta Macedo, que hoje ocupa o cargo de Superintendente do Sebrae-RR.

 

A PF também esteve em uma casa no bairro Paraviana que supostamente pertence ao ex-deputado estadual Rodrigo Jucá. Lá, durante a manhã, os agentes recolheram documentos.

 

Em Brasília, os mandados foram direcionados a, Ana Paula Surita, ex-enteada do senador Romero Jucá (PMDB/RR) e também filha de Teresa Surita (PMDB/RR), e a Marina Jucá, filha do senador.

 

Também seriam alvos da operação Hamilton José Pereira, Elmo Teodoro Ribeiro e Francisco José de Moura Filho, que teriam ligações com a CMT Engenharia.

 

A operação, que também ocorreu em Belo Horizonte (MG), cidade onde mora a família da esposa de Rodrigo Jucá, procura apurar os  crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa que prevêem penas de até 30 anos de reclusão.

 

Estão sendo cumpridos 17 mandados judiciais expedidos pela Justiça Federal de Roraima, sendo nove mandados de busca e apreensão e oito mandados de condução coercitiva.

 

Conforme a PF, na investigação foi identificado o desvio de 32 milhões de reais dos cofres públicos, tendo como origem o superfaturamento na aquisição da “Fazenda Recreio”, localizada em Boa Vista/RR e na construção do empreendimento Vila Jardim, do projeto Minha Casa Minha Vida no bairro Cidade Satélite, em Boa Vista/RR.

 

São investigadas as transações decorrentes da venda da “Fazenda Recreio” para a construção do empreendimento Vila Jardim, bem como pela fiscalização e aprovação do empreendimento na Caixa Econômica Federal.

 As investigações continuam, com análise do material apreendido e apuração do envolvimento de outros integrantes nas práticas criminosas.