Cotidiano

Litro de gasolina está custando R$ 12

Manifestação em comunidades indígenas bloqueou estradas e impede o transporte de combustível e alimentos para as cidades

Os moradores do município de Pacaraima, região norte do Estado, estão passando por novas dificuldades por conta de problemas na Venezuela. Devido a um protesto de comerciantes que causou o fechamento de estradas e impediu o transporte de produtos, o litro da gasolina passou de R$ 1,50 e chegou à R$ 12 o litro ontem, 15.

De acordo com populares, a cidade não conta com um posto de combustível nacional, sendo necessário que os automóveis sejam abastecidos no posto internacional. O problema é que, com os protestos, Pacaraima está há uma semana sem gasolina. A solução para a maioria dos moradores tem sido buscar combustível em outros municípios.

“A gente pede que os taxistas que estão vindo para Pacaraima, de Boa Vista para cá, venham de tanque cheio. Aí a gente tira uma parte e separa pros nossos carros da cooperativa. Está complicado aqui”, disse o taxista Igleyson Gomes, morador do município.

Outra problemática é a possibilidade de um volume ainda maior de imigrantes atravessando a fronteira, em busca de comida. A informação é que até ontem o comércio em Santa Elena já estava praticamente fechado e começando a faltar comida. “Vai chegar o momento em que as pessoas vão começar a sair andando de Santa Elena para ir para a fronteira em busca de alimentos”, disse uma moradora da cidade, que preferiu não ser identificada.

PROTESTO – A motivação para o crescimento do valor do combustível são os protestos em comunidades indígenas na Venezuela. A primeira barreira surgiu no quilometro 67 em San Miguel de Betania, no município Sifontes, a cerca de uma hora antes de chegar a Las Claritas. Outras duas surgiram posteriormente no km 76 na comunidade El Granzon e outra no quilometro 85 na comunidade indígena de Inaway.

Encabeçados por líderes indígenas, a manifestação cobra do governo venezuelano a aplicação da lei do preço justo, uma medida governamental que estabelece um valor específico para os produtos, além de exigir o comparecimento do presidente Nicolás Maduro na região. No entanto, a Presidência ainda não se pronunciou sobre o assunto e nem esboçou a possibilidade de atender às reivindicações dos manifestantes.

“É uma reivindicação que eles estão fazendo junto ao presidente da República, para fazer com que os comerciantes cumpram o decreto de preço justo já que ninguém está cumprindo. Cada um coloca o preço que quer. Com o Bolívar desvalorizado, não tem como comprar alimentos”, revelou uma fonte, que preferiu não ser identificada.

Com o bloqueio das estradas, centenas de carros esperavam em fila para poder atravessar, em busca de combustível e alimentos. Eram autorizadas somente a passagem de pessoas doentes, grávidas ou pessoas em situações delicadas, mas não de produtos. O caminho só era liberado de quatro em quatro horas e somente por 15 minutos. Quem deixasse de passar neste período de tempo, teria que continuar esperando.

Para evitar mais transtornos, os condutores que aguardavam começaram a comunicar aos demais sobre a falta de combustível. “Para aqueles que estão atrás de gasolina em Santa Elena, não tem nenhum posto no caminho. Lhes informo que não há gasolina em Santa Elena e nem vai haver”, diz o áudio de uma venezuelana, encaminhado pelas redes sociais. “São quilômetros de carros. É incrível a quantidade de gente, com crianças pequenas, que não conseguem passar”, completou. (P.C.)