Política

Mais de 60 mil eleitores votaram em branco ou nulo

Na apuração, estes votos são descartados e consideram-se somente os votos que foram destinados a um candidato

FABRÍCIO ARAÚJO

Colaborador da Folha

O primeiro turno das eleições em Roraima teve mais de 64 mil votos que não foram dados a candidato nenhum, em que os eleitores optaram por se abster ou votar em branco e nulo. Juntos os votos representaram 20,32% do eleitorado roraimense. No Brasil a porcentagem de pessoas que votaram em branco ou nulo e as que deixaram de votar é de 27,79% do eleitorado.

Na apuração, estes votos são descartados e consideram-se somente os votos que foram destinados a um candidato. Mas é um número que pode ser revertido e a dúvida que fica é em relação ao curso que o segundo turno pode tomar.

“Os brancos e nulos não definem nada, não fazem coeficiente eleitoral, não definem a maioria nas eleições majoritárias para o governo, nem senado e só aparecem depois por questão de estatística e nada mais”, disse o analista judiciário do TRE, Nasser Hamid, sobre como os votos nulos e brancos são tratados legalmente.

Apesar de não definirem, os votos que não são direcionados a nenhum candidato podem representar um protesto dos eleitores, de acordo com o cientista político Roberto Ramos. “Os votos brancos e nulos afetam porque reduz a legitimidade do processo político, quanto maior for o percentual de brancos, nulos e abstenções a legitimidade é mais reduzida, mostra que os eleitores não concordam com os candidatos, não querem esses candidatos ou simplesmente não querem participar do processo político”, pontuou.

Juridicamente os votos brancos também não influenciam nem favorecem ninguém, de acordo com Nasser Hamid. “É algo que no máximo rende palpite porque o que conta na apuração são apenas os votos válidos”, frisou.

O cientista político também não acredita que os brancos e nulos terão grande peso no segundo turno. “Não acredito que haverá nenhum peso porque quem vai deixar de participar deste momento é aquele eleitor que votou no primeiro turno em candidatos que não obtiveram êxito”, analisou.

Roberto Ramos afirmou mais uma vez que o segundo turno pode ser mais uma representação da legitimidade do pleito, pois os que deixarem de votar deixarão clara sua insatisfação com as opções e porque quem optar por mudar o voto para uma das duas opções irá legitimar o processo eleitoral. Mas também frisou que em eleições polarizadas mais pessoas tendem a ir às urnas.

“Eleições polarizadas tendem a levar mais eleitores às urnas e de alguma forma é bom, pois uma vez decidido o processo, aumenta a responsabilidade do vencedor no sentido de governar”, finalizou o cientista político.