Cotidiano

Médico-legista denuncia atraso de salários

Profissional garante que ele e colegas não foram informados em relação ao atraso, assim como não tiveram informações sobre afastamento do cargo em janeiro deste ano

Desde novembro do ano passado, um médico-legista enfrenta dificuldades para manter o básico dentro de casa devido à falta de pagamento dos salários e plantões. Conforme relatou à Folha, ele atuava no Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) no Instituto Médico-Legal (IML) e há cinco meses o pagamento não é feito.

Sem querer se identificar, ele garantiu que mais dois legistas foram afastados em janeiro deste ano, mesmo sem ter recebido os salários. 

“Eu nunca imaginei que ele ia afastar a gente. Fomos atrás para saber o motivo na Secretaria [Estadual de Saúde (Sesau)] e falaram que a cooperativa da qual fazemos parte não estava repassando o dinheiro total para os médicos”, relatou.

O médico é da Cooperativa Brasileira de Serviços Múltiplos de Saúde (Coopebras) e diz que também não conseguiu mais informações sobre os salários atrasados. Ele afirmou ainda que em 2012 prestou o serviço em 19 plantões no instituto, mas não recebeu por eles. 

“Fui à Coopebras. A moça que me atendeu disse que o que falaram na Sesau era mentira. Então, onde está a verdade?”, questionou.

Para conseguir se manter, o médico tem contado coma ajuda dos amigos e colegas de profissão.

“Eu quero voltar [a trabalhar]. Que a justiça seja feita”, completou.

Sesau garante que pagamentos vão ser feitos após fim de estado de calamidade financeira

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou que os pagamentos de plantões da Cooperativa Brasileira de Serviços Múltiplos de Saúde (Coopebras) referentes a 2019 estão ocorrendo normalmente e sem atrasos.

Quanto aos meses de novembro e dezembro de 2018, a secretaria esclareceu que serão encaminhados para reconhecimento de dívida após o fim do estado de calamidade pública financeira, conforme Decreto 26.404 – E, publicado no Diário Oficial do Estado de Roraima (DOE-RR) de 28 de dezembro de 2018.

Cooperativa destaca suspensão do SVO durante intervenção federal

O gerente geral da Cooperativa Brasileira de Serviços Múltiplos de Saúde (Coopebras), Valdan Barros, explicou que no período da intervenção federal, o então secretário de Saúde, Ailton Wanderley, pegou a nota de novembro, já liquidada, e fez cortes para fiscalizações. Posteriormente, em janeiro, ele autorizou o pagamento parcial dessas notas. 

“Essa nota, com valor de R$ 517.103,25, ainda não foi paga. Se o médico estiver na lista, foi autorizada a emissão da nota referente ao serviço dele e é só aguardar a secretaria pagar. Caso não esteja, não foi autorizada”, frisou. Esse pagamento e o de janeiro não têm previsão para ocorrer, conforme destacou o gerente. 

O SVO foi suspenso por determinação da Sesau, assim como a escala de profissionais. A partir disso, foi formalizada uma nova escala de médicos através da decisão da secretaria. Mesmo afastados, os médicos continuam sendo cooperativados e precisam aguardar o pagamento da folha. A escala de dezembro não foi enviada à cooperativa por falta de autorização.

De acordo com a presidente do Conselho Fiscal, Eugênia Glaucy Moura, há conversas com a secretaria para que se tente resolver a situação. (A.P.L)