Cotidiano

Mercado ainda carece de profissionais especializados

Número de farmacêuticos tem aumentado nos últimos anos, mas em áreas especializadas é deficitária

A pessoa atrás do balcão da drogaria carrega uma das principais responsabilidades na saúde pública. É dever do farmacêutico ter ética para recusar uma receita em que estejam faltando dados ou ilegível para, dessa forma, evitar danos para a saúde do cliente. Nos últimos anos, a expansão de cursos na área de farmácia possibilitou que o mercado absorvesse profissionais experientes e melhorasse o serviço prestado à população.

Neste dia 20 é celebrado o Dia do Farmacêutico. A classe afirma que tem muito a comemorar, mas que ainda há falta de profissionais para conseguir atender prontamente a quantidade de drogarias instaladas. A Faculdade Cathedral é a única unidade de ensino superior a ofertar a graduação na área, com uma média de 20 a 25 alunos formados por semestre.

Paulo Tamashiro, coordenador do curso da instituição, apontou que ainda persiste a cultura de muitas pessoas procurarem o farmacêutico antes de fazerem consultas médicas.

“Tem o papel de fazer essa triagem, atender dentro das possibilidades e desafogar o sistema antes de fazer encaminhamentos que são mais complicados, o que não é da competência do profissional”, relatou.

Ao contrário do que o senso comum acredita, o farmacêutico pode atuar em diversas áreas de interesse e a abrangência para essa atuação está cada vez mais crescente, seja com análises clínicas, perícia criminal, hospitalar e manipulação. Esses são os setores que mais sofrem com a falta de pessoal capacitado.

“É uma área promissora e apaixonante. Precisa ter responsabilidade, porque estamos falando da vida das pessoas. Um erro de dose pode significar a morte. O símbolo farmacêutico é um cálice e uma cobra em posição de ataque, exatamente para lembrar ao profissional que aquilo que é utilizado para curar, também pode matar. Isso é passado ao longo do curso e ressaltado repetidas vezes”, completou o coordenador.

Farmacêutica relata responsabilidade diária

A ideia de que o farmacêutico é o último profissional a ver a receita, leva Patrícia Gonçalves a trabalhar diariamente com a atenção redobrada para evitar erros. Farmacêutica há quatro anos, a especialista disse que há um conjunto de atuação dos profissionais de saúde até que a medicação correta chegue ao paciente.

Saída do Paraná há dois anos, ela percebeu que o mercado em Roraima ainda precisa de mais profissionais formados no ramo, mas acredita que a maior possibilidade de formação no Estado tem ajudado a diminuir esses problemas.

“Aqui ainda tem um pouco de deficiência da assistência dos farmacêuticos e muitos são desmotivados e não atuam na área”, criticou.

Um dos problemas encontrados no dia a dia está na prescrição de receitas, com a falta de informações definidas sobre doses e horário para o consumo dos medicamentos. Nesses casos, a farmacêutica alegou que é preciso seguir a legislação que proíbe a comercialização e solicita que o paciente retorne até o médico para ser feita uma nova receita.

“Se não seguir, quando vier a fiscalização, a responsabilidade passa a ser do farmacêutico e da drogaria que aceitou esse receituário incorreto”, encerrou.

Conselho atua na fiscalização do profissional de farmácia

A fiscalização do exercício profissional para resguardar a população é o trabalho feito pelo Conselho Regional de Farmácia de Roraima (CRF-RR), procurando, principalmente, autuar pessoas que atuam sem o registro farmacêutico. Conforme apontou o presidente do CRF, Adonis Motta, a atuação é feita em todos os municípios de Roraima para garantir a presença do profissional.

“Aí temos a certeza que o paciente está seguro no atendimento com o profissional correto. O estabelecimento que não tem o profissional farmacêutico é notificado, vai passar por plenário e futuramente vai gerar uma multa de três salários mínimos. Quando fazemos essa visita, acompanhamos se esse lugar vai se regularizar [com contratação do especialista]”, disse.

Em caso de recusa do estabelecimento em não contratar o profissional formado, é acionada a Vigilância Sanitária e fecha o local, pois se entende que é um risco para a população. Para o presidente, a necessidade do mercado possibilita que a maior parte dos formandos já tenha a facilidade de conseguir emprego na área.

“Ao longo dos anos, muitas farmácias se encontravam de maneira irregular, mas com as fiscalizações, em média, 90% das drogarias estão regulares”, completou. Motta destacou que não há uma quantidade mínima definida de farmacêuticos para atuação em uma drogaria, mas vai depender do horário de funcionamento do local para determinar quantos serão necessários.

Sindifarma vê como positivo novos profissionais no mercado

De acordo com a Lei nº 5.991/73, durante todo o horário de funcionamento da farmácia e drogaria, deve haver uma assistência técnica do profissional de farmácia. Com a escassez de profissionais especializados, décadas atrás, muitos atuavam em mais de um estabelecimento particular para suprir a demanda.

“Antes, não tínhamos o curso para colocar esse profissional no mercado. Hoje, com a implantação do curso, ganharam as empresas da iniciativa privada, os laboratórios, as unidades hospitalares e a população”, garantiu o presidente do Sindicato dos Farmacêuticos (Sindifarma), Edimar Lima.

Ele explicou que o sindicato não tem a quantidade do número de pessoas sindicalizadas, porém, enfatizou que atua em defesa de todos os profissionais quando há necessidade. (A.P.L)