Cotidiano

Movimento de mulheres bloqueia BR-174

Esposas de militares disseram que o ato foi o primeiro de uma semana com protestos programados

FABRÍCIO ARAÚJO

Colaborador da Folha

O movimento de mulheres e esposas de policiais militares de Roraima encabeçou uma manifestação que bloqueou a BR-174 no sentido norte do Estado, durante o início da manhã dessa segunda-feira, 26. O ato foi o primeiro de uma série de protestos que estão programados pelo grupo para ocorrer até a sexta-feira, 30.

As mulheres estavam na rua desde as 4h, mas só iniciaram o bloqueio às 5h30. De acordo com as manifestantes, houve um acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para que o bloqueio ocorresse durante trinta minutos e que ficasse livre pelo mesmo tempo. O revezamento entre bloqueio e liberação ocorreu até as 9h.

A população teve dificuldade para entender o protesto no início, mas após explicações das mulheres de militares quem passava pela BR-174 chegava até mesmo a dar apoio às manifestantes. O protesto ocorreu de forma pacífica e tinha como objetivo chamar a atenção da intervenção federal que ocorre no Estado.

“Temos a informação de que o repasse que virá agora não atenderá nem metade da folha de pagamento e a PM irá ficar de fora, daí a previsão é de salário só em janeiro. É o que escutamos porque ninguém foi até a tenda falar nada. Nossa intenção era que o pessoal da intervenção federal olhasse para nós”, relatou Laura Alves, esposa de militar.

Na última sexta-feira, 23, o movimento de mulheres manifestou em frente à casa da governadora, Suely Campos. O motivo do protesto, de acordo com Laura Alves, foi porque souberam que a governadora dava uma festa enquanto os militares de Roraima estão há mais de 60 dias sem receber seus salários.

“Não responderam de nenhuma forma e queriam nos retirar à força, disseram que iriam chamar a polícia porque não poderíamos ficar em frente à casa dela, mas estávamos na rua, nem pisamos na calçada dela e então deixaram. Acho que não ficaram contentes lá dentro porque sabiam que estávamos lá fora”, explicou Alves.

Laura disse ainda que o sentimento foi de indignação durante o ato daquela noite, pois a situação em que os militares, as esposas e os filhos estão só piora, mas não há nenhum tipo de resposta sobre regularização dos pagamentos.

“Nós não podemos ficar na tenda até janeiro porque as crianças não têm condições de ficar lá. As doações estão diminuindo, fora que há muita gente para se manter na tenda. Muitos militares que estão de serviço buscam as marmitas lá porque não tem comida em casa”, relatou.

Outro problema que as esposas têm enfrentado é em relação à educação e higiene de seus filhos. “O meu filho mesmo perdeu a bolsa dele, estudava em uma escola particular e perdeu a bolsa e agora as doações estão acabando e estamos pedindo fraldas porque as esposas que têm crianças de colo já não têm mais de onde tirar recursos para comprar fraldas”, desabafou Laura Alves.