Cotidiano

Oleiros demonstram preocupação com chegada de chuvas

No período chuvoso, famílias não poderão trabalhar nem viver em olaria devido à cheia do Rio Branco

O inverno está chegando e, embora dados da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh) apontem volume de chuvas muito abaixo do registrado ao ano passado, oleiros da Vila Vintém, nas proximidades da Ponte dos Macuxi, já se preocupam com as consequências da cheia do Rio Branco.

Raimundo de Souza trabalha há 20 anos fabricando tijolos e nos contou que a saída forçada das famílias do local não é nenhuma novidade. 

“Todos os anos, os políticos ficam sabendo das nossas dificuldades durante o inverno, mas até hoje ninguém fez nada pela gente. Ficamos sem trabalho e sem casa, nos virando como podemos,” disse indignado.

Olenia da Silva é mulher de um dos trabalhadores e nos mostrou marcas onde a água já alcançou na casa simples de dois andares feita de madeira, construção idealizada já pensando na cheia. 

“O rio chega a subir até a janela mais alta da nossa casa. Existem períodos em que precisamos sair porque não tem jeito de ficar com cinco crianças em um espaço tão pequeno e sem recursos. Queremos alugar um quartinho na cidade, mas como iremos pagar este ano, se a renda é tirada daqui?”, disse.

O trabalhador Carlos dos Santos também relatou de como é a rotina quando a olaria está embaixo de água. 

“Quem tem família, arma redes de pesca e tenta ao menos oferecer a comida do dia. Nós já não temos direito a nada durante o inverno. Já cheguei a dormir dentro da canoa e como manga verde com sal para passar a fome. Neste ano, para onde eu irei? E faltam poucos dias para a chuva chegar com mais força,” lamentou.

Os oleiros também reclamaram da falta de instituições que os amparem durante o inverno. Segundo eles, não existe associação à frente das necessidades dos trabalhadores, que pedem que as autoridades os legalizem para receberem auxílio enquanto a chuva os impossibilita de fabricar tijolos. 

“Gostaríamos de ter assistência parecida com a dos pescadores, que durante o período da pesca proibida não ficam sem renda. Não estamos pedindo muito, só queremos garantir que o nosso esforço tenha algum resultado e nossos filhos não morram de fome até que a chuva vá embora novamente,” explicou Carlos dos Santos.

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