Polícia

“Não entreguei meu filho pra bandido”, diz pai de menino refém

“Não entreguei meu filho pra bandido”, diz pai de menino refém de foragido

O pai do menino de 10 anos, que foi mantido refém pelo foragido Marcos Gomes de Moraes, vulgo “Marcos Capeta”, 35 anos, na última segunda-feira, 15, no Conjunto Cruviana, procurou a reportagem da Folha para contar sua versão dos fatos, após ter sido preso e autuado em flagrante junto com o fugitivo. 

O homem de 32 anos relatou que naquele mesmo dia não conversou com a imprensa porque as circunstâncias não eram favoráveis, pelo fato de todos estarem muito nervosos. “Eu não conheço Marcos, não tenho nenhum envolvimento com ele, que passou na minha casa pelo fato de conhecer meu irmão, que nem mora mais aqui em Roraima, e tinha ligação com o crime”, explicou.

O pai, que trabalha como gerente de uma loja, contou que estava com os filhos no quintal quando Marcos chegou perguntando pelo irmão. “Eu disse que meu irmão não morava mais em Roraima. Ele perguntou se podia entrar e pediu um copo de água. Eu sabia do envolvimento dele com facção, pois andou com meu irmão, mas não sabia que ele tinha fugido da Cadeia semana passada. Eu autorizei ele entrar pensando que fosse uma coisa rápida”, justificou.

O proprietário da residência declarou que Marcos ficou alguns minutos no interior do imóvel e precisou ir ao banheiro enquanto o criminoso ficou na sala. “De dentro do banheiro eu escutei o barulho. Não sabia que ele estava armado. Quando me espantei, a polícia já estava dentro de casa, atirando, e quando eu saí, ele estava na porta do meu quarto atirando na polícia. Os policiais jogaram uma bomba e eu entrei no quarto, peguei minha filha de 9 meses, chamei meu filho e me disseram para sair com as mãos para cima. Imaginei que meu filho estava perto de mim e quando olhei para trás, e vi que não estava, tentei voltar, mas os policiais não deixaram”, ressaltou.

O pai da criança disse que não sabe se o foragido segurou o filho, se pediu para ele ficar ou se a criança sentiu medo de sair da casa. Quanto às críticas de ter permitido que o filho fosse usado como escudo pelo foragido, o homem se defendeu. “Isso não procede. Eu não tive escolha. Os policiais não autorizaram que eu voltasse. Eles queriam que eu me jogasse no chão. Eu disse que não iria me jogar porque estava com minha filha de 9 meses no colo. Em nenhum momento eu permiti que ele ficasse com o menino para se respaldar. O que eu fiquei sabendo do meu filho é que ele [Marcos] conversou, falando que não iria fazer mal algum para ele e que estava com medo de ser morto pela Polícia. Eu não consenti que ele usasse meu filho para se proteger ou fizesse meu filho de refém. Isso é mentira”, ressaltou.

As crianças foram levadas para o Hospital onde também receberam atendimento especializado, junto com a mãe que, segundo o pai, naquele dia saiu mais cedo do emprego para cuidar da filha que estava gripada.

“Foi então que os policiais me deram voz de prisão e disseram que eu precisava esclarecer isso. Fui para a Dicap [Divisão de Inteligência e Captura], fui levado para a Central de Flagrantes do 5° DP. Eu esclareci o que tinha acontecido para a delegada e ela me falou que a decisão iria ficar a cargo da Audiência de Custódia. Fui autuado em flagrantee expliquei para o juiz que não tinha ligação com crime organizado. Sou pai de família, tenho emprego, meu salário. Eu não gostaria de ser mais um desgosto para minha família”, reforçou.

Por fim, o homem revelou estar muito preocupado com seu emprego, porque está sendo mal visto pela sociedade. “Minha imagem ficou bem suja, por isso estou procurando a Folha para tentar pelo menos amenizar isso”, concluiu. (J.B)