Polícia

“Querem omitir a real causa da morte de meu marido”, diz esposa

Familiares de Nilton Cesar Alves da Costa, o “Cezinha”, de 42 anos, morto no dia 16, alegaram que não estão conseguindo acesso aos documentos do detento

*MATÉRIA ATUALIZADA ÀS 15H52

Envolta a um grande mistério, a morte do detento da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc) Nilton Cesar Alves da Costa, o “Cezinha”, de 42 anos, ganhou mais um capítulo nesta quinta-feira, dia 18. Familiares afirmam que os documentos do preso simplesmente sumiram, impedindo a conclusão dos procedimentos de velório e enterro.

“Eu fui até a Pamc, eles me deram só a aliança dele em um pequeno envelope e me encaminharam para a Dicap, pois os documentos pessoais do meu marido estariam aqui. Chegamos aqui, o diretor pediu para que uma assistente social providenciasse a liberação [dos documentos], só que também não está aqui. Foi eu ameaçar chamar a imprensa que eles vieram me contar que estaria provavelmente na Central de Flagrantes”, disse a esposa do detento.

Ontem, 17, os familiares de “Cezinha” solicitaram a presença da equipe de reportagem do Grupo Folha BV para contestarem o laudo apresentado pela perícia médica do Instituto Médico Legal (IML). Oficialmente a causa apontada foi morte natural, no entanto, fontes ligadas à segurança da Pamc teriam relatado que o homem foi morto por asfixia dentro da própria unidade.  

“No documento encaminhado a Sejuc, a Justiça tinha determinado que ele fosse transferido para o CPC [Comando de Policiamento da Capital], porque ele corria risco de morte. Nós temos esse papel, mas assim mesmo botaram ele lá [Na Pamc]. O Juiz encaminhou ele para o CPC, mas alegaram que não tinha vaga. Querem omitir a real causa da morte do meu marido”, frisou a mulher, que adiantou que encaminhará denúncia para o Ministério Público.

A esposa do preso revelou ainda que Nilton Cesar estava com um mandado de soltura expedido pela Justiça e que a sentença deveria ter sido cumprida no dia 15, um dia antes de ser supostamente morto na prisão. Ele deu entrada na Pamc no dia 29 do mês passado, por suspeita de crime de estelionato.

“Ele foi preso do dia 29 e morreu no dia 16. No dia 15 saiu o alvará de soltura, e o juiz atesta no documento que a soltura teria que ser imediata. Porque que só decidiram dar cumprimento da sentença no dia seguinte? Hoje eu fui na Pamc e tem um monte de oficiais de Justiça cedo, soltando [detentos]. Porque não foram cedo soltar ele também? Porque que só soltaram depois que ele morreu?”, questionou.

O corpo do detento está sendo velado na Comunidade Católica de São Bento, no bairro Liberdade. Sobre o caso, a reportagem entrou em contato com a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), que esclareceu que o detento não foi solto no dia 15 devido a ausência do Alvará de Soltura, que é o documento oficial, na Pamc para cumprimento.

Somente no final da tarde do dia 16, por volta das 18h30, o oficial de justiça apresentou uma relação nominal na qual constava o nome de Nilton, e, ainda assim, o cumprimento só iria ocorrer no dia 17.

Sobre a documentação pessoal, a Polícia Civil de Roraima, por meio da Central de Flagrantes, informou que é de praxe depois se ser lavrado o Auto de Prisão em Flagrante (APF), todos os pertences, inclusive os documentos do flagranteado, serem restituídos aos familiares ou advogados.

” Portando, desde a lavratura do procedimento em desfavor do interno da Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (Pamc), de Nilton Cesar Alves da Costa, somente nesta quinta-feira, 18, que os documentos foram requeridos pelos familiares, e prontamente restituídos”, concluiu a Sejuc.

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