Polícia

Autônomo é assassinado e tem metade do rosto arrancado

De acordo com a PM, o crime teria ocorrido em razão de uma dívida que a vítima tinha com o suspeito

O autônomo Francisco William de Sousa Florentino, 36 anos, foi brutalmente assassinado a tiros e facadas por volta das 23h dessa quarta-feira, 28, e teve o rosto totalmente desfigurado após a morte. O motivo do homicídio estaria relacionado à cobrança de uma dívida no valor de aproximadamente R$ 3,5 mil. O crime ocorreu na casa do suspeito, Lino Pedro Rigo, de 61 anos, localizada na rua Hélio Magalhães, bairro Aeroporto.

A Polícia Militar descobriu sobre o caso porque enquanto fazia patrulhamento a guarnição foi abordada por um pedreiro que relatou o desentendimento que resultou na morte de Francisco William. Para confirmar a veracidade dos fatos, os policiais acompanharam o homem até a casa do suspeito.

A equipe policial chegou à casa do sujeito e encontrou uma mulher de 30 anos e uma adolescente, de 15 anos, trancadas no imóvel, ainda muito nervosas. A mulher foi testemunha do crime e contou que após uma discussão entre as partes, por causa da dívida de R$ 3,5 mil e para dar fim à cobrança, o idoso entrou em seu quarto, pegou o rifle calibre 22 e ainda foi impedido pela testemunha, que ao mesmo tempo pedia que a vítima fosse embora.

Apesar da insistência para que não fizesse nada, a testemunha e a adolescente foram obrigadas a entrar no quarto e trancar a porta, uma vez que receberam ameaça de sofrerem consequências caso tentassem impedir a ação criminosa. Quando estava dentro do quarto, a mulher ouviu um tiro e um grito da vítima que teria dito “tu atirou em mim, velho covarde”. Após o grito, as testemunhas informaram que tudo ficou em silêncio. Depois de alguns minutos, o homicida entrou novamente no quarto e pediu uma camisa limpa. A testemunha ainda destacou que o suspeito estava sujo de sangue e a área da casa estava lavada e que após o crime ele saiu da residência no seu veículo Chevrolet/S10, cor prata. Tanto a mulher quanto a menor só saíram de dentro da casa após a chegada da PM (J.B)

Durante as buscas no quintal da casa, a arma foi localizada dentro de um tubo plástico. O rifle não tinha marca nem numeração aparentes e estava municiado com cinco cartuchos intactos. A testemunha autorizou a entrada da guarnição no imóvel e as buscas se estenderam até um depósito. Para a surpresa dos policiais foram encontrados e apreendidos 17 cartuchos de calibre 22 e mais dois de calibre 16, todos intactos. A cápsula do cartucho utilizado não foi encontrada.

No momento em que a equipe fazia busca no interior do imóvel, o suspeito estava chegando com seu veículo, mas ao perceber a movimentação no local, tentou fugir e foi seguido até o bairro Pricumã, sendo preso em frente a uma casa na esquina da Alameda dos Bambus com rua das Campainhas.

No interior da caminhonete usada pelo suspeito, foram achadas duas facas, uma delas de cabo azul, e a carteira de trabalho da vítima. Na mesma ocasião, os policiais notaram que na carroceria do carro do suspeito tinha sangue. O suspeito confessou que usou a faca de cabo azul para acertar o peito da vítima. Ao ser questionado sobre as razões para ter praticado o homicídio, o homem contou uma versão distinta daquela contada pela testemunha.

Segundo o suspeito, Francisco William chegou a sua residência, armado e fazendo ameaças de atirar, momento em que conseguiu desarmar o rapaz e atirou para se defender. Ao ser questionado sobre o paradeiro do funcionário disse não saber, justificando que a vítima correu após o disparo. Não convencidos, os policiais questionaram mais uma vez sobre o local para onde o suspeito teria levado a vítima. (J.B)

SEM UM LADO DO ROSTO

Corpo de autônomo foi desovado numa área de matagal

O corpo foi encontrado numa estrada de chão, enrolado numa lona preta (Foto: Divulgação)

Sem saída, o suspeito acabou afirmando que levaria a equipe até o local onde estava o corpo, que fica numa área de matagal cujo acesso se dá por estrada de chão, cerca de 50 metros da avenida Universo, bairro Cidade Satélite. No lugar deserto a guarnição localizou o corpo da vítima enrolado numa lona preta. O idoso confessou o crime informando que atirou com o rifle, mas não sabia dizer com certeza se acertou Francisco William, no entanto, desferiu um golpe de faca no peito da vítima assim que ela caiu no chão.

Um ponto que chamou atenção da Polícia Militar foi o fato de a vítima estar sem o lado direito do rosto, sem nariz, orelha, olho, lábios e bochecha. Com a chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o médico que constatou o óbito afirmou que os cortes no rosto da vítima foram feitos com faca, porque são retos e precisos.

A Perícia criminal foi acionada junto com uma equipe da Delegacia Geral de Homicídios (DGH). Ao fim dos procedimentos técnicos, o suspeito foi questionado pelo perito sobre o corte no rosto da vítima, mas declarou não lembrar que tenha agido daquela maneira. O corpo foi removido pelo rabecão até a sede do Instituto de Medicina Legal (IML) para ser submetido a exame de necropsia.

PRISÃO – O autor confesso recebeu voz de prisão, foi algemado e conduzido à Central de Flagrantes do 5° DP para ser ouvido pela autoridade policial. Considerando a materialidade e gravidade do crime, o delegado de plantão lavrou o Auto de Prisão em Flagrante (APF) contra o autor, de modo que ele permaneceu detido numa das celas da Delegacia até a manhã de ontem, 29, quando foi encaminhado para exame de corpo de delito e em seguida para audiência de custódia.

Servidores da Polícia Civil relataram para a reportagem da Folha que o comportamento dele era assustador, por demonstrar frieza a ponto de não transparecer qualquer arrependimento. O juiz que presidiu a audiência decidiu converter a prisão em flagrante em prisão preventiva, encaminhando o homem para o sistema prisional, onde ficará à disposição da Justiça. 

O corpo da vítima foi liberado na manhã de ontem para os familiares realizarem o funeral e o sepultamento. (J.B)