Polícia

Casal é preso por suspeita de estupro e omissão de socorro

A vítima é filho da suspeita, um garoto de dois anos e três meses de idade, que morreu em decorrência de violência sexual

Uma ação integrada entre policiais da Polícia Militar do Amajari e da Delegacia de Pacaraima resultou na prisão em flagrante de um casal, por suspeita de crime de estupro seguido de morte, concurso de pessoas e omissão de socorro.

A vítima é filho da suspeita, um garoto de dois anos e três meses de idade, que morreu em decorrência da violência sexual, com hemorragia aguda.

Segundo informações da Polícia Civil, o crime teria sido cometido na tarde de sexta-feira, dia 21, no Projeto de Assentamento Bom Jesus, no município de Amajari. Entretanto, somente veio à tona por volta das 3 da madrugada de sábado, dia 22, quando a criança deu entrada no hospital do município em óbito.

A Polícia Militar foi acionada, vez que a criança aparentava hematomas no rosto, no tórax e nos braços, além de hemorragia anal.

No hospital, a mãe da criança disse que o garoto tinha passado mal, após comer um pedaço de bolo, chegando a vomitar. O corpo da criança foi removido ao Instituto Médico Legal para passar pelo exame cadavérico.

A delegada titular de Pacaraima, que atende ao município de Amajari, Rozane Wildmar, disse que como se tratava de uma suspeita de abuso sexual, uma vez que a criança estava com hemorragia anal, somente após o resultado do exame cadavérico é que poderia prender o principal suspeito do crime, padrasto do garoto.

“Tínhamos que ter cautela em relação ao caso. Entretanto, atuamos em parceria com a Polícia Militar, realizamos diligências junto ao IML, para sabermos o resultado do laudo cadavérico da criança. À tarde, com o resultado do laudo, solicitamos aos policiais militares, que estavam na região, para prender o casal e trazê-los a Pacaraima” disse a delegada.

Ao ser interrogada na Delegacia de Pacaraima, a mãe do garoto disse que saiu de casa na sexta-feira, por volta das 16 horas. Antes disse ela deu um pedaço de bolo para o garoto comer e, também, para uma filha de um ano e três meses. Depois disso, a mulher conta que saiu para vender bolo e que as crianças ficaram aos cuidados do padrasto. Ela disse ainda que retornou uns 30 minutos depois e que o filho já estava passando mal.

Segundo a mulher, o marido dela lhe disse que o garoto não estava bem e que poderia ter sido o bolo que comeu a causa da indisposição. Também que coo o menino vomitou, ele lhe deu um analgésico. A mulher disse ainda que o filho não melhorou e que na madrugada foi atrás de socorro e levou a criança ao hospital, mas que percebeu que ele já estava morto em seus braços.

O suspeito negou ter abusado sexualmente da criança e de tê-lo agredido fisicamente. Deu a mesma versão da mulher, de que o menino passou mal após comer um pedaço de bolo. Os dois negaram que algum estranho tenha ido à casa e que somente estaria o casal e as duas crianças. As crianças somente teriam ficado sozinhas com o padrasto quando a mãe saiu para vender bolos.

De acordo com a delegada, o comportamento da mãe da criança é frio e não condiz com o de uma pessoa que acabou de perder o filho de uma forma tão violenta.

“Não vi uma lágrima, nenhuma expressão de dor”, destacou.

Uma tia da suspeita disse aos policiais que ela nunca criou o filho. O garoto era cuidado pela avó materna praticamente desde que nasceu, mas que há quatro dias, a avó do garoto viajou para trabalhar em um garimpo e deixou o neto com a filha.

“A criança teve um longo sofrimento. Ela disse que o garoto comeu o bolo e estava passando mal desse às 16 horas. Entretanto, somente foi em busca de socorro umas 3 horas da madrugada, após o menino ter desmaiado. Ou seja, onze horas depois. Ela não acompanhou a criança para o IML, ficou na cidade. Tanto, que quando foi presa estava andando numa rua da localidade de lá”, detalhou a delegada.

Para a Polícia, a versão do casal é uma “história cobertura”, para tentar mascarar o crime e que o garoto foi abusado sexualmente pelo padrasto e a mãe está acobertando o marido.

“Nenhum dos dois confessa o crime. Eles negam e se apegam à história da criança ter comido o bolo. Essa criança foi abusada sexualmente, sofreu muito. Houve omissão de socorro, pois se viram que a criança estava passando mal, porque não procuraram logo socorro? Concluímos o Flagrante e caso eles sejam mantidos presos na Audiência de Custódia teremos dez dias para concluir o procedimento, com o relatório. Nesse período pretendemos ouvir outras pessoas, vizinhos e a pessoa que prestou socorro à criança”, disse a delegada.

O casal foi encaminhado para Audiência de Custódia em Boa Vista e está sendo aguardado o resultado do julgamento.