Polícia

Dois helicópteros apreendidos e 20 detidos em acampamento ilegal

Os helicópteros transportavam os garimpeiros que pagavam mais de R$ 2 mil reais para chegar até a reserva indígena Ianomâmi

Uma denúncia de crime ambiental foi estopim para que as diligências policiais resultassem na detenção de 20 pessoas e apreensão de diversos produtos, dentre eles mais de 3,6 mil litros de combustível e até mesmo dois helicópteros. A abordagem aconteceu na vicinal Bom Jesus, região da Vila Trairão, município do Amajari, Norte de Roraima, às 7h30 do sábado, 12.

A Companhia Independente de Policiamento Ambiental (Cipa), da Polícia Militar, descobriu que se tratava de um acampamento que guardava produtos ilegais, que eram levados para um garimpo clandestino, e logo que chegaram ao local avistaram uma aeronave decolando nas proximidades. Na hora da abordagem, notaram que outro helicóptero também estava em serviço de decolagem. 

Uma caminhonete modelo Chevrolet/S-10, cor preta, conduzida por uma jovem de 21 anos, era usada para transportar combustível da cidade para o acampamento e, de lá, seria levado para a região de garimpo da terra indígena ianomâmi. Ela mesma confessou que tinha como função o transporte dos carotes de gasolina, diesel e combustível para avião, inclusive disse que cobrava o valor de R$ 700 por frete que fazia até o acampamento.

A motorista da picape ainda revelou ter chegado ao acampamento com 800 litros de diesel e apresentou as notas fiscais, mas todo o produto já tinha sido transportado por um dos helicópteros que decolou quando a viatura se aproximou. Mesmo assim, no local, ainda foram apreendidos 73 carotes, com capacidade para armazenar 50 litros, cheios de combustíveis diversos, totalizando 3,65 mil litros.

Um dos detidos contou que foi contratado juntamente com outros quatro trabalhadores para executar uma obra de um banheiro e outros cômodos na propriedade que servia de base para apoio dos ilícitos ambientais. O contratante seria um homem conhecido como “Zé da Recaída”, que tem como patrão um sujeito que é chamado de “Quedinha”. 

Todos os garimpeiros declararam que estavam no acampamento, aguardando o momento de ir para o garimpo e ressaltaram que cada um deles pagou o valor de R$ 2 mil para ser transportado por helicóptero.

Em diligências complementares, com a chegada dos reforços policiais, dois helicópteros de prefixos PPHCC e PR-BAR foram localizados em solo e as equipes mantiveram vigilância constante para garantir que não seriam retirados do local. Diante dos fatos, todos os materiais apreendidos e os suspeitos foram transportados até Boa Vista, onde foram ouvidos na Superintendência da Polícia Federal e alguns deles autuados em flagrante e levados para audiência de custódia para que a Justiça decida e individualize, segundo a tipificação dos crimes, a conduta de cada um. (J.B)

Armas e ouro foram apreendidos em acampamento


O acampamento servia de base para garimpeiros, pilotos e aeronaves (Foto: Divulgação)

Os policiais fizeram buscas nas imediações com auxílio de um drone com câmera de alta definição e constataram que a cerca de 300 metros de distância do acampamento existia um terceiro helicóptero escondido numa clareira em meio à mata, numa área de difícil acesso. Quando chegaram à aeronave, os militares não encontraram qualquer suspeito por perto. Como o efetivo policial era pequeno, retornaram para o local do acampamento e pouco tempo depois o helicóptero decolou e fugiu do local.

Durante as buscas aos pertences dos garimpeiros, foram encontradas duas armas de fogo, sendo uma pistola Taurus 138, calibre 380, sem numeração, com coldre, carregador e mais seis munições. A arma estava junto aos pertences de três pessoas. Uma espingarda calibre 28 também foi apreendida com os acampantes. Além disso, 155 munições de calibres variados também foram apreendidas. Dentro de uma geladeira, as equipes acharam a quantia de R$ 9,1 mil e ninguém se apresentou como dono do dinheiro. Com outros indivíduos foram apreendidas quantias menores de dinheiro que resultaram no montante de R$ 2.894,40. No total, R$ 11.994,40 foram recolhidos do acampamento.

Por fim, joias; mantimentos e bebidas, inclusive alcoólicas; geradores de energia; GPS; rádio comunicador; botijas de gás; ferramentas; compressor; bomba d’água; balanças de precisão; televisores; fogões; freezer; geladeira; roteador; tapetes; motosserra; inúmeras ferramentas para conserto de aeronaves; carrinhos para taxiar aeronaves; fones de ouvido para serem usados em aeronaves; bateia; carpete de garimpo; cem metros de mangueira utilizada em dragas; carregador de baterias; aparelhos celulares; pepitas de ouro; cartões bancários; credencial de piloto comercial expedida pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), um helicóptero e uma caminhonete Chevrolet/S-10.

Uma senhora que carregava seis anéis, três cordões com pepitas de ouro como pingente, uma pulseira com pepita de ouro e uma pulseira sem pingente, também de ouro, e mais dois cordões com pedra preciosa. Questionada sobre a procedência de todas a joias, informou que é fruto de seu trabalho nos garimpos de Suriname e Roraima. Ela explicou que por várias vezes esteve no garimpo às margens do Rio Uraricoera. (J.B)