Polícia

Família contesta versão da PM sobre morte de garimpeiro em ação

Caso ocorreu na quarta-feira (8), no bairro Santa Luzia, em Boa Vista

Familiares do garimpeiro Marcos Melo Macedo, de 21 anos, contestam a versão da Força Tática (FT) da Polícia Militar de Roraima (PMRR) sobre os fatos que levaram a morte dele e de José Maia Henrique de Souza, de 29 anos, após uma suposta troca de tiros no dia 8 deste mês, no bairro Santa Luzia, em Boa Vista. Eles afirmam que o jovem estava desarmado e sequer era amigo ou conhecia o outro indivíduo. 

Segundo a nota de esclarecimento enviada a FolhaBV por meio do advogado da família, Marcos estava tomando café com parentes quando “a equipe policial entrou no imóvel sem possuir mandado”.

“Os agentes não hesitaram em abrir a porta do domicílio, sem anúncio prévio, derrubar Marcos Melo Macedo no chão e disparar três tiros a queima roupa. Novamente, não houve resistência, não ocorreu briga, não aconteceu trocas de tiros”, diz o a nota . ( Leia a nota na íntegra no final da reportagem). 

À reportagem, a ex-companheira de Marcos e mãe da filha dele, disse que o jovem tinha voltado do garimpo há uma semana, onde trabalhava com o pai. Ela questiona o fato de o local não ter sido periciado até este momento.


O QUE DIZ A POLÍCIA MILITAR

O Comando de Policiamento da Capital (CPC), a Polícia Militar informou através de nota que: Infelizmente, foi uma ocorrência em que houve resistência à prisão e enfrentamento, após disparos de armas de fogo contra os policiais.

Segundo eles informações prévias repassadas para a polícia , seriam que os envolvidos eram suspeitos de fazerem parte de organização criminosa, e que 

ao chegarem ao local da ocorrência, os policiais se identificaram, deram voz de prisão, pediram para os indivíduos largarem as armas. Estes efetuaram vários disparos com revólveres calibre 38 na direção da equipe. A reação dos policiais teria sido para repelir a agressão em atitude de legítima defesa.

O QUE DIZ A POLÍCIA CIVIL

Sobre o questionamento da ex-companheira com relação à perícia não ter sido realizada no local, a Polícia Civil informou por meio da Delegacia Geral de Homicídios (DGH), que após ocorrências envolvendo mortes em confrontos policiais é instaurado procedimento para averiguação, onde apuram-se  todos os fatos, além de ouvir os envolvidos e testemunhas. 

Além disso é investigada se a conduta dos policiais estava regular ou não.  Em relação a perícia, segundo eles foi inviabilizada devido  o local ter sido violado, para que os polícias pudessem socorrer os feridos. Naturalmente o local é desfeito porque a prioridade é a vida, “Mesmo que o cidadão infrator estivesse ou não atentado contra a guarnição, o dever do policial é fazer cessar a agressão e depois prestar socorro diz a nota. 

Eles afirmam ainda que em caso de dúvida sobre as circunstâncias do ocorrido, a autoridade Policial poderá determinar a reprodução simulada dos fatos, o que não prejudica em nada a investigação. 

A Polícia Civil esclareceu ainda que, apesar de não ter havido a perícia pelos argumentos anteriormente expostos, as armas são periciadas. 

NOTA DE ESCLARECIMENTO

A família de Marcos Melo Macedo, por meio de seu advogado constituído, vem a público esclarecer os terríveis fatos ocorridos na manhã do dia 08 de julho de 2020. Inicialmente, salienta-se que não há verdade na versão dos policiais. Isso porque, a vítima não estava armada, não possuía nenhum envolvimento com a criminalidade, bem como não reagiu aos agentes estatais.

Assim, com o fito de resguardar os elementos informativos colhidos que serão apresentados ao Poder Judiciário, que comprovam a versão incontestável acima apresentada, lê-se: provas que evidenciam que Marcos Melo Macedo foi vítima de homicídio pelos agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) a família apenas narrará o que aconteceu de fato.

No dia 08/07/2020, por volta das 11h00min, Marcos Melo Macedo estava tomando café com sua família, quando uma equipe de policiais adentrou o quintal de seu imóvel, sem mandado, sem infração penal em curso, tampouco para prestar socorro aos moradores (hipóteses permitidas pela Constituição, art. 5, inciso XI).

Os agentes não hesitaram em abrir a porta do domicílio, sem anúncio prévio, derrubar Marcos Melo Macedo no chão e disparar três tiros a queima roupa. Novamente, não houve resistência, não ocorreu briga, não aconteceram trocas de tiros. No caso em questão, ocorreu uma execução do Estado em desfavor de Marcos Melo Macedo, que nunca realizou nada que desabonasse sua honra e de sua família.

A versão apresentada pelos agentes estatais causou espanto a família, uma vez que se trata de síntese ilusória, fantasiosa e falaciosa dos policiais, portanto, louvável seria a apresentação de culpa dos agentes diante de erro alarmante que demonstrou o despreparo destes.

Para quem difama Marcos Melo Macedo depois deste incidente, asseverando que “a polícia não mata inocentes”, tentem se colocar no lugar da família, que está presenciando a história de um homem íntegro sendo manchada pela truculência da força policial.

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