Polícia

Guiana deporta brasileiro que matou sogra e esfaqueou familiares

Patrício Oliveira da Silva, de 52 anos, deu início a um feminicídio duplamente qualificado e três tentativas de homicídio

A Polícia Federal participou da deportação de um brasileiro que se encontrava foragido na Guiana após matar a sogra grávida e esfaquear a esposa e duas cunhadas, conforme aponta investigação da Polícia Civil do estado de Roraima.

O homem teve a prisão preventiva decretada pela Juíza Suelen Márcia Silva Alves, da Vara Criminal de Bonfim/RR, após representação do Ministério Público de Roraima. 

Segundo o delegado Alberto Alencar, titular da Delegacia de Normandia, o acusado que tem 52 anos não aceitou o fim de um relacionamento que mantinha com uma jovem de 18 anos e a esfaqueou no peito após matar sua ex-sogra de 35 anos, grávida de seis meses. O bebê também não sobreviveu. Ele ainda teria tentado matar as irmãs da ex-companheira, de apenas 11 e 14 anos.

A ação teria ocorrido na Guiana, a poucos metros do lado brasileiro da fronteira, onde fica o município de Normandia. Em razão do falecimento da vítima no Brasil e da constatação que a jovem de 18 anos sofria com agressões constantes do suspeito, o crime foi investigado pela Polícia Civil de Roraima. O inquérito policial indicou que o crime teria sido premeditado.

O Oficialato de Ligação da Polícia Federal na Guiana, juntamente com o Vice-Consulado do Brasil em Lethem, articulou com as autoridades locais para que ocorresse a deportação do suspeito para ser julgado no Brasil.

O pedido da Polícia Federal à Autoridade guianense pela medida continha todas as informações do caso, que foram repassadas pela Polícia Civil e pela promotora da Comarca de Bonfim, Renata Borici.

O homem chegou ao Brasil no final da tarde desta quinta-feira, 20 de junho, onde foi recebido pela PF. Após o procedimento migratório no posto da Polícia Federal em Bonfim, ele foi entregue à Polícia Civil, de onde seguiu para a Penitenciária Agrícola do Monte Cristo, em Boa Vista.

O suspeito já foi condenado em 1ª instância em outro processo, no ano de 2017, a 20 anos de reclusão por estupro de vulnerável e respondia em liberdade.

O delegado Alberto Alencar contou que o suspeito passou a ter um relacionamento amoroso com E.S.J. quando ela tinha idade entre 12 e 13 anos. Em 2014, após agredir a adolescente, foi procurado pela Polícia Civil, mas não foi localizado. Dias depois ele apareceu no Conselho Tutelar, junto com a mãe dela, dizendo que queria viver com a menina, mas foi preso por estupro de vulnerável e passou seis meses na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc). Ao sair, voltou para Normandia e retomou o relacionamento com a adolescente com quem tem uma filha de 4 anos. Envelhecendo e vendo que a jovem tem 18 anos, ele confessou, durante interrogatório, que estava revoltado porque E.S.J, prometeu amor eterno quando ele retornou da prisão.

“Só que a eternidade é muito longa e ele percebeu que neste ano, E.S.J, estava traindo ele e o que revoltou foi saber que a mãe da jovem e o pai sabiam que ela estava traindo, mas a revolta foi maior contra a mãe, afirmando que não fazia nada. Nesse período ele vinha agredindo ela, que tinha medo de denunciar. Quatro dias antes de cometer o crime, ele brigou com a companheira, revolveu fazer as malas e juntou as roupas da filha e como a mãe e o pai são pescadores, atravessou o rio [Maú] e foi dormir numa casa que fica num barranco que já é Guiana”, destacou o delegado.

Patrício trabalhava numa plantação de arroz e premeditou o crime após pedir de um dos chefes dois dias para tratar de assuntos pessoais. Foi à residência, arrumou a moto e, numa canoa, durante a noite, atravessou para o outro lado. Chegando lá, cometeu os crimes e fugiu para a Guiana. “Eu pedi para meu chefe de operações entregar fotos dele para os tuxauas e para os policiais da Guiana. Ele foi preso pelos policiais e eu fui até o consulado, apresentei os laudos e procedimentos, inclusive o mandado de prisão. Ele [Patrício] disse que era da Guiana e já seria levado para Georgetown, mas a consulesa entrou em contato com um Policial Federal com quem me comuniquei, enviando toda a documentação.

Lá, ele provou que o Patrick era o brasileiro Patrício e estava foragido naquele país. Um documento foi formalizado na Guiana e os policiais entregaram o autor dos crimes para a Polícia Federal do Brasil.

Após os exames de integridade física, no Instituto de Medicina Legal, Patrício Oliveira foi trazido para Boa Vista, onde ficará recolhido na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), à disposição da Justiça. “Temos que mostrar para quem cometeu crime no Brasil e fugiu para outro país, que existem meios legais para a Polícia Civil e a Polícia Federal, trabalhando em conjunto, trazê-lo de volta ao Brasil para cumprir a pena. Parabéns à Polícia Civil e à Polícia Federal pelo excelente trabalho. O resultado dessa colaboração toda quem ganha é a sociedade, porque local de criminoso é na Cadeia, pagando pelo que fez”, concluiu Alencar. 

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