Polícia

Internos do CSE usam barra de ferro como faca e tentam matar agentes

Dois agentes que estavam de plantão foram atacados por internos

Na tarde da sexta-feira, 5, dois agentes socio-orientadores que estavam em regime de plantão no Centro Socioeducativo Homero de Souza Cruz Filho (CSE), que fica na região do Bom Intento, zona Rural de Boa Vista, foram atacados por quatro internos que tentaram matá-los a golpes de uma arma improvisada com ferro e tecido.

Os agentes relataram que desde a manhã de ontem tinham sido avisados que poderia acontecer algum problema no plantão, considerando que um dos menores está sofrendo ameaças por parte dos demais, porque ele se autodenomina integrante de uma facção rival de todos os outros internados.

“O que acontece no CSE é que os próprios internos relatam que como não tem CV (Comando Vermelho), não vão se confrontar, mas se algum funcionário tentar impedi-los de fazer alguma coisa, esse servidor vai para ‘o fogo’ também. Quando foi à tarde a gente informou que não tinha possibilidade de fazer atividade porque já tínhamos sido avisados de um princípio de rebelião e que eles poderiam matar alguém, mas tanto a direção como a coordenação de plantão não nos deram atenção e fizeram a gente tirar 10 internos, sendo que no plantão éramos apenas quatro agentes homens e uma mulher”, reclamou um dos agentes.

O ATAQUE – A atividade educativa ocorreu normalmente, segundo os denunciantes. Após o fim da aula, às 16h10, dois agentes foram guardar um interno que estava na condição de disciplinado, no Bloco A, e quando chegaram ao local aconteceu o ataque.

“Quando a gente iria colocar o interno no quarto, percebemos alguma coisa diferente. Era o momento em que os demais foram para a atividade esportiva e nós fomos guardar esse menor, porque estava com restrição, onde havia mais três adolescentes. Quando entramos no alojamento, apenas os dois servidores, sendo que o colega é pastor, e quando ele abriu o cadeado, percebi que o que estava do lado de fora fez sinal”, contou uma das vítimas.

Quando abriram a grade do quarto os três que estavam dentro partiram para cima dos dois agentes.

“Eu fiquei lutando com um e o pastor com três. Eles ficavam pedindo a chave do quarto e o outro tentava furar a costela do pastor. Eu segurei a mão do que estava armado. Eles começaram a agredir a gente e não podíamos fazer nada porque eram quatro contra dois. Um dos menores tentou me furar várias vezes e eu me defendendo, mas ele conseguiu acertar de raspão o meu pescoço. Eu caí no chão e eles vieram para cima, tentando dar estocadas. Tomamos a arma e escapamos por pouco. Os outros colegas estavam na quadra com restante dos adolescentes e não ouviram nada”, relembrou.

O LIVRAMENTO – Um dos agentes disse que conseguiu correr e gritar, pedindo ajuda. Os quatro infratores correram atrás das vítimas. Os policiais militares que ficam de Guarda no prédio, do lado de fora, foram avisados e deram apoio.

Os quatro adolescentes foram conduzidos ao 3° DP, juntamente com os agentes, a fim de que a autoridade policial tome conhecimento dos fatos e proceda de acordo com a legislação. Aproveitando a oportunidade, os agentes fizeram uma série de reivindicação, dentre elas o número reduzido de agentes sócio-orientadores, pagamento de insalubridade para os recém-empossados no concurso, estrutura do prédio, falta de alojamento e outras condições básicas de trabalho e, principalmente, relataram falta de segurança.

“Só vão tomar atitude quando acontecer o pior lá dentro. É sempre assim. O pior está prestes a acontecer se ninguém tomar providência”, enfatizou a vítima.

GOVERNO – Em resposta à ocorrência, a Setrabes (Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social) esclareceu que na tarde dessa sexta-feira, 5, quatro adolescentes do Centro Socioeducativo, após o período da aula realizada na unidade, tentaram investir contra dois agentes socio-orientadores, causando nos mesmos lesão corporal.

“A direção do CSE tomou as providências necessárias e encaminhou os quatro adolescentes e os servidores para registrar ocorrência no 3º Distrito Policial. Esclarece que de forma imediata a Polícia Militar prestou o suporte necessário para conter os adolescentes e manter a ordem no local”, concluiu. (J.B)