Polícia

Mãe denuncia policiais por agredirem fisicamente seu filho 

A dona de casa Doralice Miranda da Silva fez uma denúncia contra policiais militares que atuam no município do Amajari, região Norte do Estado, na manhã dessa sexta-feira, 27. Segundo ela, seu filho de 15 anos foi agredido e ferido com um canivete pelos membros da guarnição, fato que ocorreu por volta das 10h. Revoltada, ela gravou alguns vídeos e divulgou, o que fez com que caso ganhasse repercussão.

Conforme o relato da mãe, seu filho a acompanhou durante o trajeto para deixar a avó em sua residência porque o carro está com problemas e é preciso que alguém ajude a empurrar. “Fomos deixar minha mãe na chácara. Minha mãe deu R$ 10 para ele cortar o cabelo e eu já estava voltando para casa quando deixei ele perto de uma igreja em construção para ir a pé. Pedi que voltasse logo para casa, para tomar banho e ir para a escola. Pouco tempo depois, chegou com a camisa toda rasgada, o braço enrolado em tecido, sangrando e chorando”, detalhou a dona de casa. 

Ao perguntar do filho o que havia acontecido, o adolescente contou que voltava do salão quando passou em frente ao Destacamento da PM, momento em que foi abordado, chamado de vagabundo e ladrão e levado para dentro do destacamento, mesmo tendo dito que não praticava crimes.

“Eles bateram nele, agrediram e mandaram ir embora. Ainda ameaçaram que se contasse para mim, iriam pegar ele e dar um sumiço. Pediram para ele dizer que caiu no arame e se rasgou. Meu filho foi furado com um canivete. Quando eu fui lá para conversar com eles, simplesmente foram ignorantes e mandaram eu tomar naquele lugar. Eu falei que iria tomar minhas providências e um deles disse que eu poderia ir, porque ele já tinha oito processos nas costas e tanto faz”, revelou.

A mãe levou o filho ao hospital e lá o ferimento do braço direito recebeu três pontos. “Ele pegou um soco nas costelas e tem um inchaço na barriga. Ele também sente dores nas partes íntimas. Eu acho que foram quatro policiais. Quando eu liguei a câmera do celular, eles entraram; fecharam a porta para não serem filmados. Eu saí do Destacamento e fui para a Delegacia fazer o Boletim de Ocorrência (B.O), mas simplesmente me disseram que não tinha impressora e mandaram eu procurar a Corregedoria, em Boa Vista. Eu estou sem condições de viajar agora”, ressaltou.

A dona de casa compartilhou com a Folha que seu sentimento é de medo e justificou o motivo de seu filho ser mal visto pelos militares. “Hoje eles [os policiais] já passaram em frente minha casa para tentar intimidar. Não é a primeira vez que fazem isso com meu filho. Outra vez botaram ele de joelho, algemado, e ele apanhou igual cachorro, só porque foi defender o irmão de um outro garoto. Inclusive, o pai desse garoto retirou a queixa por entender que o filho dele é quem estava errado. Na primeira vez, eles disseram para meus filhos que iriam persegui-los se contassem para mim. Eu fiquei sabendo de tudo, mas com medo de fazerem algum mal, fiquei calada. Em outra oportunidade deram murros em meu filho de 14 anos, porque descobriram que eles tinham contado para mim”, acrescentou.

Por fim, dona Doralice informou que a ocorrência dessa sexta-feira foi “a gota d’água. Essa perseguição é porque meus filhos contaram o que eles estão fazendo desde a primeira vez. Se eu não der um ponto final nisso, eles vão querer tirar a vida dos meus filhos. Eu não sei mais o que faço. Em vez de procurar bandidos, estão agredindo quem não está fazendo nada. Venha ao Amajari e veja como são meus filhos. São bem-criados, ninguém tem nada para falar deles. Vá às escolas por onde estudaram para descobrir que são bons alunos, são meninos bons”, concluiu. 

O OUTRO LADO – A PMRR (Polícia Militar de Roraima) informou que, durante patrulhamento ostensivo, os policiais avistaram o adolescente que, ao ver a viatura da polícia, empreendeu fuga, mas não foi localizado pelos policiais. Em seguida, a mãe do adolescente foi à delegacia alegando agressão da Polícia, o que é inverídico e não condiz com as circunstâncias do fato.

“A informação de que não há impressão na delegacia do município de Amajarí também não é verdadeira, tendo, inclusive, impresso o R.O.P. (Relatório de Ocorrência Policial) do relato da mãe do adolescente. A Polícia Militar ressalta que as denúncias contra conduta policial devem ser feitas à Corregedoria”, disse a nota. (J.B)