Mais quatro pessoas envolvidas em “tribunal do crime” são presas

Uma investigação realizada pela equipe da DGH (Delegacia Geral de Homicídios) resultou na prisão de quatro pessoas na manhã desta quarta-feira, dia 02. A ação é uma continuidade da “Operação Azazel”, deflagrada em junho deste ano para esclarecer os crimes de homicídios, praticado por facções nos anos de 2017, 2018 e 2019, em que as vítimas são submetidas a julgamento por um “tribunal do crime”.

Com as prisões, foi possível esclarecer dois homicídios, sendo um praticado no ano de 2017 e outro no ano de 2018. Os crimes estão relacionados à disputa entre integrantes de facção por território no tráfico de drogas.

PRIMEIRA FASE

A primeira fase da operação Azazel foi deflagrada nos dias 12 e 13 de junho, resultando na prisão temporária por 30 dias de cinco pessoas, acusadas de executar um jovem de 18 anos. Na ocasião, para resguardar a família, o nome da vítima da célula criminosa não foi revelado. As investigações para esclarecer a morte desse jovem duravam seis meses. Por se tratar de um crime complexo, envolvendo várias pessoas ligadas a célula de execução de uma facção  criminosa, com atuação no Bairro Santa Teresa, os policiais tiveram muito trabalho, que requereram horas de monitoramento, de investigações, de persistência e de paciência.

Com robustas provas colhidas durante as investigações, os delegados da DGH que participaram das investigações, Cristiano Camapum e Jorge Wilton representaram pelas prisões temporárias dos envolvidos. 

Segundo os delegados da DHG, os criminosos sequestraram, torturaram e mataram uma vítima em um caso em apuração, cujo nome não foi divulgado, tido como desafeto da facção. A vítima foi  conduzida à casa de um dos presos, julgado e morto nas proximidades.

A operação policial, segundo os delegados, procura dar um fim aos repulsivos e escabrosos tribunais do crime, que insistem em atuar em Boa Vista, com o objetivo de julgar e eliminar desafetos de facções criminosas.

SEGUNDA FASE

De acordo com o delegado titular da DGH, Cristiano Camapum, a segunda fase da Operação Azazel possibilitou esclarecer dois crimes de homicídios. O primeiro foi do homicídio consumado de Laércio Dias Freitas, ocorrido no dia 23 de abril de 2017, por volta das 16 horas, em um local apontado como “boca de Fumo”, localizado na rua Estrela do Norte, no bairro Raiar do Sol. 

As investigações apontam que o ponto de vendas de droga pertencia a um traficante identificado por Max Robson Lourenço Mato.

Dois homens que estavam em uma bicicleta vermelha entraram no local perguntando por membros de uma facção criminosa. Os infratores foram identificados inicialmente pelos apelidos de “Leo” e “Macaxeira”, integrantes de uma facção rival. A ordem dos “chefes” dessa facção era para matar o “dono da boca de fumo” e todas as pessoas que estivessem no local. No entanto, como não encontram Max Robson, os infratores mataram Laércio Freitas.

As investigações realizadas pela equipe da Delegacia Geral resultaram na prisão dos seguintes acusados de envolvimento nesse crime:

João Victor Amandes Valadares, vulgo “Macaxeira”, de 20 anos (executor);

Leonardo Duarte Ferreira, vulgo “Leo ou Gárgula”, de 23 anos (executor);

Rafael Amandes Valadares, vulgo “Lobão, Tequila ou Doutor”, de 22 anos (mandante).

A ATUAÇÃO DOS INFRATORES

De acordo com informações prestadas pelo delegado Cristiano Camapum, ficou comprovado pelas investigações que o crime contra Laércio Dias foi praticado devido a disputas de facções criminosas por áreas do tráfico de drogas.

Os executores do crime, identificados por João Victor e Leonardo Duarte, receberam a ordem de Rafael Amandes Valadares, o Lobão, para executarem Max Robson. Como ele percebeu o perigo e fugiu do local, os infratores decidiram lhe “deixar um recado”, matando Laércio Dias, que foi apontado como sendo usuário de drogas.

“As investigações apontaram que nos ataques dessas facções às bocas de fumo, contra os rivais no tráfico de drogas, nem sempre são alvejados e ou mortos os alvos principais visados pelos infratores, pois normalmente esses criminosos, quando percebem o perigo, fogem. Diferente de eventuais vítimas secundárias e ou inocentes, que julgando não estarem devendo nada para ninguém, não correm e nem se abrigam, virando alvos fáceis nas mãos dos infratores, que desde o princípio já vão à ação determinados a matar o alvo principal ou quem encontrar pela frente”, destacou Camapum.

Anda segundo o delegado, foi representado pela prisão preventiva dos três acusados deste crime. A Justiça deferiu o pedido que foi cumprido pela equipe da DGH.

João Vitor foi preso no bairro Raiar do Sol e Leonardo e Rafael tiveram suas prisões cumpridas na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, onde estão presos por outros crimes.

SEGUNDO HOMICÍDIO

O segundo homicídio esclarecido pela equipe da DGH, foi do adolescente Thayllor de Oliveira Sousa, de 14 anos, ocorrido no dia 13 de abril de 2018. O autor do crime foi apontado como sendo Marcos Antônio da Silva Costa vulgo “MC ou Marquinho”, de 20 anos.

De acordo com informações prestadas pelo delegado Jorge Wilton que presidiu as investigações, o adolescente foi morto após ser imobilizado no momento em que ia comprar entorpecentes. As investigações apontam que ele teria feito comentários sobre ser integrante de uma facção criminosa e foi morto por Marcos Antônio, apontado como integrante de uma facção rival.

COMPLEXIDADE

O delegado Cristiano Camapum ressaltou que os crimes envolvendo a participação de organizações criminosas requerem mais tempo, tendo em vista a quantidade de pessoas envolvidas para a prática dos crimes.

AZAZEL – O nome Azazel é citado na Bíblia, no Livro de Levítico 16 e faz menção a um bode que era entregue para morrer com culpa, simbolizando os que se perdem com as forças do mal.

*Com informações da Ascom PCRR