Polícia

PF afirma ter desarticulado organização criminosa em Roraima

As investigações tiveram início após a prisão de um piloto, em outubro de 2018, abordado por militares do exército durante ação de combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami

Com o objetivo de desarticular uma organização criminosa que seria responsável por fornecer apoio logístico aéreo para exploração de garimpos ilegais na Terra Indígena Yanomami, a Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira, 7, a operação URIHI WAPOPË*.

Policiais federais cumpriram nove mandados de busca e apreensão expedidos 4ª Vara Federal Criminal em Roraima, após representação da Autoridade Policial e manifestação favorável do Ministério Público Federal. Também foram determinadas o bloqueio de mais de R$ 9.500.000,00 dos envolvidos e a suspensão de atividades econômicas.

De acordo com a PF, as investigações tiveram início após a prisão de um piloto, em outubro de 2018, abordado por militares do exército durante ação de combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami.


Local de uma das diligências (Foto: Divulgação)

O inquérito policial indica que a organização criminosa seria liderada por um empresário, e contaria com a participação de dois filhos e de outras três pessoas, além de “laranjas”, que seriam os proprietários formais de empresas envolvidas nos crimes. 

O grupo utilizaria uma empresa de táxi aéreo e outra de poços artesianos para operacionalizar as atividades de envio de suprimentos e pessoas para áreas de garimpo clandestino, e seriam remunerados com ouro ilegal. A Justiça determinou a suspensão do exercício de toda e qualquer atividade econômica desenvolvida pelas duas empresas e por quatro suspeitos.

Segundo as investigações, o grupo teria movimentado, ao menos, 425 milhões de reais apenas nos últimos dois anos. Relatórios do COAF informaram movimentações incompatíveis com a capacidade financeira dos envolvidos, indicando a possibilidade de configurar indícios do crime de lavagem de dinheiro ou com ele relacionar-se.


Fiscalização de documentos feita por agentes da PF (Foto: Divulgação)

Os principais crimes investigados são participação em organização criminosa, usurpação de bem da União, lavagem de dinheiro e crimes ambientais. As penas destes crimes, somadas, podem ultrapassar os 27 anos de prisão. 

*O nome da operação faz alusão ao termo usado pelos povos Yanomami para se referirem aos garimpeiros, que invadem a sua terra em busca de ouro.