Política

Bolsonaro diz que Moro tentou garantir indicação para STF

Segundo presidente, pedido seria uma tentativa de barganha do ex-ministro para que Moro aceitasse a mudança do gestor da Polícia Federal

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) promoveu coletiva de imprensa na tarde de hoje, 24, após denúncias do ex-ministro da Justiça e Cidadania, Sérgio Moro e exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Aleixo. Na ocasião, o chefe do Executivo declarou que Moro pediu a indicação do seu nome para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), em uma suposta benefício pela livre indicação do novo chefe da PF.

A afirmação ocorreu, segundo Bolsonaro, após uma reunião fechada com Moro no início da noite de ontem, 23, no Palácio do Planalto, onde, entre outras situações, foi discutida a possibilidade de saída de Aleixo da gestão da PF. O presidente sustentou que o próprio Aleixo havia citado a vontade de sair do cargo desde janeiro deste ano, em reunião com os 27 superintendentes da Polícia Federal.

“Falei que amanhã, dia de hoje, o Diário Oficial da União (DOU) publicaria a exoneração do Sr. Aleixo. E, pelo que tudo indicava, a exoneração à pedido. Ele (Moro) relutou e falou que o nome (do novo gestor) tem que ser o meu”, relatou Bolsonaro. Segundo o presidente, a ideia era que se entrasse em um consenso de quem seria o novo diretor-geral, não sendo obrigatório que fosse uma indicação de Bolsonaro. 

Em seguida, o presidente informou do pedido de indicação ao Supremo, dando a entender que pedido seria uma forma de barganha para que Moro aceitasse a demissão de Aleixo. “Ele falou ‘pode trocar o Aleixo sim, mas em novembro, depois que o senhor me indicar para o Supremo. Me desculpe, mas não é por aí. Reconheço as suas qualidades, mas eu não troco. Que chegue lá pelos seus próprios méritos. E outra coisa, é desmoralizante para um presidente ouvir isso”, declarou Bolsonaro. Vale ressaltar que, segundo a legislação do STF, os ministros membros da corte são escolhidos pelo presidente da República entre os cidadãos com mais de 35 e menos de 65 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.

Além disso, o presidente também citou que as declarações de Moro são infundadas e que nunca pediu interferência nas investigações da Polícia Federal. Também criticou o andamento das apurações sobre a tentativa de homicídio que sofreu em Juiz de Fora, na época da campanha eleitoral, mas agradeceu a atuação dos agentes da PF e da Polícia Militar durante o atentado.

“Quero que a PF seja usada em sua plenitude. Que as suas operações sejam no mínimo mantidas e, se depender de mim, potencializadas. È com o trabalho dela que damos esperança para a população brasileira no combate a corrupção e ao crime organizado”, ressaltou Bolsonaro. 

OUTRO LADO – Após o posicionamento do presidente, o ex-ministro se pronunciou sobre as declarações em suas redes sociais. “A permanência do Diretor Geral da PF, Maurício Valeixo, nunca foi utilizada como moeda de troca para minha nomeação para o STF. Aliás, se fosse esse o meu objetivo, teria concordado ontem com a substituição do Diretor Geral da PF”, declarou Moro. (P.C.)