Política

Energia sem fio para RR é tecnologia distante, afirma especialista

A crise energética de Roraima seria resolvida com a construção do Linhão de Tucuruí, com 715 quilômetros de extensão de Manaus (AM) até Boa Vista (RR)

A transmissão de energia sem fio citada por Jair Bolsonaro para Roraima ainda é uma tecnologia distante, segundo especialistas. O presidente da República disse que irá os EUA no próximo mês para conhecer a tecnologia apontada pelo governante como eventual solução para problemas de suprimento no estado do Norte do Brasil.

O estado de Roraima enfrenta dificuldades energéticas porque era abastecido por importações da Venezuela. Assim, o projeto de um linhão de transmissão foi visto como saída para a situação. Licitado ainda em 2011, o Linhão de Tucuruí conectaria Roraima ao sistema elétrico interligado do Brasil, do qual o Estado ainda não faz parte

“Em fevereiro vou estar nos Estados Unidos, vou lá visitar empresários, que são militares… vão me apresentar transmissão de energia elétrica sem meios físicos. Se for real, de acordo com a distância, que maravilha! Vamos resolver o problema de energia elétrica de Roraima passando por cima da floresta”, disse Bolsonaro.

A afirmação do presidente a jornalistas, no entanto, causou estranhamento entre especialistas. Eles apontaram que sistemas para transmissão de eletricidade sem fio, quando existem, são ainda experimentais e aplicáveis apenas em pequena escala.

Palavra dos especialistas

Especialistas do setor de transmissão de energia, no entanto, questionaram a possibilidade de uma solução inovadora como a citada pelo presidente ser aplicada no Estado, que tem população estimada em um pouco mais de 605 mil pessoas.

O projeto atual para resolver a crise energética de Roraima prevê a construção de uma linha de alta tensão (500 kilovolts) com 715 quilômetros até Manaus (AM), orçada em 2,6 bilhões de reais, que quando concluída permitiria o recebimento de energia do Sistema Elétrico Interligado Nacional (SIN).

“Obviamente que isso é uma meta, é um sonho chegar a esse ponto. Eu sei que há pesquisas realmente nessa área, mas até onde se sabe isso está limitado a baixíssimas potências. Está muito longe de ser o que é necessário (para Roraima)”, disse à Reuters o professor aposentado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Ruy Carlos Ramos de Menezes.