Política

Países da Europa ameaçam votar contra acordo EU-Mercosul

A questão está relacionada às queimadas na Amazônia. A crítica mais pesada veio do governo francês, que afirmou que Bolsonaro mentiu sobre compromissos firmados no G20

Governos da França e da Irlanda anunciaram que podem votar contra o acordo comercial entre União Europeia e Mercusul, concluído um junho deste ano, em razão falta de engajamento do Brasil na questão da preservação amazônica.

Mais cedo, o governo francês afirmou que Jair Bolsonaro mentiu ao assumir compromisso em defesa climática durante reunião da cúpula do G20. “Dada a atitude do Brasil nas últimas semanas, o presidente da República [Emmanuel Macron] só pode constatar que o presidente Bolsonaro mentiu para ele na cúpula [do G20] de Osaka”, ressaltou nota do palácio do Eliseu.

A Irlanda também se manifestou pelo bloqueio a implantação do pacto, caso o governo brasileiro não atue para combater os incêndios em curso na Amazônia. “Não há nenhuma chance de votarmos a favor se o Brasil não honrar seus compromissos ambientais”, escreveu o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar.

Firmado no fim de junho após 20 anos de negociações, o termo de cooperação comercial entre a União Europeia e o Mercosul prevê eliminar, em um horizonte de 15 anos, mais de 90% das tarifas praticadas hoje nas transações de mercadorias entre os dois blocos.

Além da resistência de produtores agrícolas (sobretudo na França e na Irlanda), a parceria foi alvo de críticas de ambientalistas, que ressaltavam a fragilização dos organismos de monitoramento e combate ao desmatamento sob o governo Jair Bolsonaro.

Horas após a assinatura do pacto, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que obtivera do Brasil a garantia de que o país não deixaria o Acordo de Paris sobre a mudança climática (2015), que fixa metas para reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa.

Além da França e Irlanda, Finlândia e Reino Unido também se manifestaram sobre assunto. O ministro da Economia finlandesa, Mika Lintila, sugeriu que a União Europeia considerasse urgentemente a possibilidade de banir importações de carne bovina do Brasil, enquanto o Reino União limitou-se a dizer apenas estar preocupado com o aumento das queimadas na Amazônia.

*INFORMAÇÕES: Jornal Folha de São Paulo.