Política

Visita de Bolsonaro à Guiana pode abrir novo caminho para economia de RR

Principais assuntos de interesse do estado nesse encontro são a ampliação do acordo bilateral de transporte de cargas e passageiros, e o asfaltamento da estrada de Linden a Lethem, na fronteira com o Brasil

A visita do presidente Jair Bolsonaro (PL) à Guiana, prevista para sexta-feira (21), é cercada de expectativas para o Brasil. Em Roraima, especialistas avaliam que a visita resultaria em um novo caminho econômico para o estado que faz fronteira com o país.

Os principais assuntos de interesse do estado nesse encontro são a ampliação do acordo bilateral de transporte de cargas e passageiros, e o asfaltamento de 450km da estrada de Linden – próximo à litorânea capital guianense Georgetown -, a Lethem, na fronteira com o Brasil. Isso num momento em que o país vizinho descobriu imensas reservas de petróleo, assunto principal na pauta dos presidentes dos dois países.

“A visita do presidente Bolsonaro à Guiana pode significar um novo tempo do relacionamento bilateral entre os dois países”, destacou Getúlio Cruz, professor doutor em Ciência Política e mestre em Economia.

“O relacionamento com a Guiana é fundamental para possibilitar a expansão das atividades econômicas do estado, especialmente o agronegócio, que pode ter ser concluída com esse asfaltamento da estrada e a adaptação de um porto que possa receber navios. A Guiana pode ser a melhor alternativa que nós tenhamos não só pra compra de insumos, mas pra exportação do nosso produto”, avaliou, em referência à Europa entre os destinos.

Cruz lembrou que a finalização do acordo de transporte de cargas e passageiros depende de detalhes, como a definição de uma seguradora. Além disso, avaliou que o Brasil precisa aproveitar o momento político em que as relações diplomáticas com a Venezuela estão cortadas.

“O Brasil sempre ignorou a Guiana, porque há um conflito histórico entre os países”, disse em referência a uma disputa por fronteiras marítimas, com causa favorável à Guiana, que o país venezuelano nunca aceitou facilmente.

Para o vice-presidente da Câmara de Comércio Brasil/Guiana, Eduardo Oestreicher, a visita de Bolsonaro à Guiana “é fundamental pra Roraima”. “A nossa expectativa com o país vizinho é muito grande, sinaliza que o Brasil volta-se a esse interesse com os demais países da América do Sul, principalmente a parte Norte”, avaliou.

Oestreicher, que também é diretor de comércio exterior da Seplan (Secretaria Estadual de Planejamento), revelou que o governador Antonio Denarium (Progressistas) deve compor a comitiva presidencial. “Ele deve estar levando essas propostas, da finalização do acordo de transporte e da ideia de uma proposta de trabalho conjunto para a construção da estrada”, declarou.

Além disso, segundo Oestreicher, Denarium deve tratar na visita sobre a disponibilização de um ponto de conexão de internet e a atualização da tabela de produtos com benefícios tarifários para a importação, firmada entre os países.

Até a publicação da reportagem, a Secretaria Estadual de Comunicação (Secom) não confirmou a presença de Denarium na visita de Bolsonaro à Guiana.

Esta será a primeira viagem internacional de Bolsonaro desde outubro do ano passado, quando participou do encontro do G20, em Roma. Além disso, marca a primeira visita de um presidente brasileiro à região desde 2005, quando Luiz Inácio Lula da Silva esteve por lá.

Chefe do Executivo Estadual

Sobre a presença do governador, a Secretaria de Comunicação informou que vai compor a Comitiva Presidencial que discutirá assuntos de interesse do povo brasileiro. “Denarium embarca na tarde desta quarta-feira, dia 19 de janeiro, com destino a Brasília. No dia 20 de janeiro a comitiva embarca com destino à Paramaribo, capital de Suriname, onde participará de uma reunião com o presidente do País, han Santokhi”.

No dia 21 de janeiro, a Comitiva Presidencial embarca com destino a Georgetown, capital da Guiana, onde ocorrerá uma reunião com o presidente do País, Irlaan Ali. A participação do governador se dá pela importância estratégica e geográfica que Roraima tem no diálogo com a Guiana, em termos comerciais e de infraestrutura.