Política

Comissão verifica condições de indígenas desabrigados em Mucajaí

Deputados também analisarão situação em Caracaraí, e farão um relatório que será enviado aos órgãos de proteção

Para verificar a situação de indígenas em condição de vulnerabilidade social fora das comunidades, a Comissão de Políticas Indigenistas, da Assembleia Legislativa de Roraima, realizou uma diligência em Mucajaí, na tarde desta quarta-feira (11). A maioria dos indígenas nesta situação relata estar passando fome, e que pela necessidade de buscar alimentos, é preciso sair de suas malocas para procurar ajuda. As informações apuradas farão parte de um relatório, que será enviado aos órgãos ligados à proteção dos povos indígenas, para que eles adotem providências.

A presidente da comissão, deputada Lenir Rodrigues (Cidadania), explica que a diligência foi feita para conhecer a realidade da população indígena na área urbana da região. Com o relatório, a deputada espera que as autoridades tenham conhecimento e mudem essa realidade. “Vamos ver essa situação para produzir esse relatório, para que façam alguma coisa. Para evitar que os indígenas fiquem nessa situação, e a população que sofre com esse problema vivido por eles.” A próxima diligência será em Caracaraí.

Em Mucajaí, a equipe percorreu várias ruas, conversou com moradores e comerciantes. Os relatos são de que existem 60 indígenas em situação de vulnerabilidade. Durante a visita, a comissão encontrou uma família indígena da comunidade Xexena, da Vila Campos Novos. O grupo composto por 20 pessoas, entre crianças, jovens e adultos, estava em um terreno, vivendo de forma improvisada, com tendas de panos e redes. Segundo a deputada, a família saiu da comunidade em busca de um parente que está doente em Boa Vista.

O morador de Mucajaí, Gabriel Nascimento, de 35 anos, relata que se tornou comum na região, índios morando nas ruas e, ficarem pedindo alimentos nas residências. “Sempre foi assim. Eles vêm para Mucajaí atrás de comida, da sobrevivência dos filhos. Espero que a Funai [Fundação Nacional do Índio] faça alguma coisa pelos indígenas, principalmente pelas crianças. Sou pai e, quando vejo um pequeno assim, dói meu coração. Não podemos fazer nada, tem que ter alguma autoridade que faça alguma coisa por eles.”

A visita partiu de um requerimento deliberado na última reunião da comissão, enviado pela deputada Angela Águida Portella (PP), que também estava na diligência. “Nós tivemos conhecimento de famílias indígenas perambulando em alguns municípios, sem terem onde ficarem, em situação de vulnerabilidade. Ficamos preocupados porque nesses grupos têm crianças, adolescentes e idosos.”

A prefeita de Mucajaí, Eronildes Gonçalves (PL) explica que a vinda dos índios para Mucajaí ficou mais recorrente nos últimos dois anos. Ela diz que já enviou ofícios aos parlamentares federais. “Agradecemos a comissão por ter essa preocupação. Mucajaí já foi mais tranquilo. Hoje o sentimento é de incapacidade, porque já recorremos aos órgãos competentes envolvidos nas comunidades indígenas e, nem obtivemos respostas do Dsei (Distrito Sanitário Especial de Saúde Indígena) e da Funai.”