Governo Lula avalia voltar a comprar energia venezuelana para Roraima

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, revelou à CNN Brasil que o governo federal deseja retomar o diálogo com a Venezuela para retomar a compra de energia da usina hidrelétrica de Guri, com o intuito de abastecer Roraima, o único Estado do Brasil desconectado do Sistema Interligado Nacional.

Por outro lado, Silveira descarta abrir mão do Linhão de Tucuruí, que promete ligar o sistema elétrico roraimense ao nacional. A linha de transmissão, porém, ainda depende de licenciamento ambiental.

De 2001 a 2019, Roraima era abastecido por Guri. Mas nos primeiros meses do Governo Bolsonaro, em meio a apagões históricos na Venezuela, o fornecimento foi interrompido e nunca mais foi retomado. O contato quase inexistente entre o Brasil e a ditadura Maduro, nos últimos quatro anos, travou qualquer negociação.

Na avaliação do ministro, o “extremismo ideológico” prejudicou os consumidores brasileiros como um todo. Para ele, a energia venezuelana custa cerca de R$ 100 por megawatt-hora (MWh) e tem um benefício ambiental, por ser totalmente renovável.

Com o corte do abastecimento, Roraima passou a contar basicamente com usinas térmicas movidas a óleo combustível e a gás natural. O preço da energia chega a R$ 1.100 por megawatt-hora e 46 caminhões-tanque de óleo diários são necessários para abastecer somente uma dessas usinas, segundo ele.

“É uma insanidade deixarmos de usar energia limpa para queimarmos energia fóssil e mais cara”, disse Silveira à CNN. Para não deixar impagáveis as tarifas de energia, um subsídio nas contas de luz é dado pelo governo federal aos consumidores. Esse subsídio, no entanto, é rateado entre todos os consumidores de energia do País em suas faturas mensais.

Essa divisão é a chamada Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) e custará R$ 12 bilhões só em 2023. A usina de Guri, com 10.200 megawatts (MW) de potência instalada, está entre as dez maiores do mundo. Uma linha de transmissão, que liga Boa Vista ao complexo hidrelétrico, foi inaugurada pelo brasileiro Fernando Henrique Cardoso e pelo venezuelano Hugo Chávez em 2001. Ela pode escoar até 200 megawatts para Roraima.