Política

Parlamentares federais avaliam intervenção federal na saúde

Destaque fica para a implantação e funcionamento imediato do Hospital de Campanha em Roraima

Os representantes de Roraima em Brasília avaliaram a possibilidade de intervenção do Governo Federal na pasta da saúde estadual, assim como funciona no sistema prisional. O destaque fica para a cobrança do funcionamento do Hospital de Campanha, em parceria com o Exército Brasileiro.

Confira o depoimento dos deputados federais sobre a intervenção na saúde:

Deputado Édio Lopes (PL): “A intervenção federal só poderia trazer benefícios, haja visto que uma gestão externa feita por técnicos, pessoas especialistas em todas as áreas, inclusive em auditoria, talvez eliminasse de vez velhas práticas existentes dentro do sistema de saúde do Estado. Porém, eu e o deputado Hiran [Gonçalves], nós estivemos com o ministro Eduardo Pazuello. A tão propalada intervenção federal está de todo afastado pelo Governo Federal. 

O que nós conseguimos entender dessa audiência com o ministro da Saúde é que o Exército construiu estrutura para abrigar algo ao redor de mil leitos, que seria uma estrutura extraordinária, mas o Governo do Estado está marcando passo na tomada de decisão, com relação à contratação de pessoal, aquisição de equipamentos. Talvez até por aquela celeuma na compra dos equipamentos, talvez por isso que as autoridades de saúde do Estado tenham se retraído. Mas temos que entender que temos um momento difícil a ser enfrentado e que o Governo do Estado não pode alegar falta de recursos. Os valores já foram destinados para Roraima. Outros volumes estão na fila para serem destinados. Podemos alegar tudo, menos falta de recurso para enfrentamento da pandemia”.

Deputado Nicoletti (PSL): “Ao meu ver, uma intervenção federal no âmbito da Saúde de Roraima seria absolutamente bem-vinda e uma alternativa viável para que se possa promover uma maior eficiência na gestão da pasta neste momento. Os gestores que estão à frente da área da Saúde no Estado precisam dar respostas efetivas para os desafios que se impõem diante da pandemia da Covid-19 e dos gargalos que já vinham sendo enfrentados pelo Sistema de Saúde do Estado.

Nesse sentido, vejo com grande preocupação as denúncias sobre irregularidades na compra de respiradores e equipamentos pela Secretaria de Saúde do Estado, assim como as sucessivas trocas no comando da Sesau. Já acionei os órgãos de controle para que tais denúncias sejam apuradas e tenho reiterado que não há espaço para gastos exorbitantes e desarrazoados neste momento em que a gestão dos recursos públicos deve ser extremamente criteriosa.

Acredito que seria positiva, portanto, uma intervenção do Governo Federal na Saúde do Estado para que as ações nesta área sejam melhor coordenadas e os recursos que chegam a Roraima alocados com máxima transparência e racionalidade, visando otimizar e ampliar a capacidade de atendimento no Estado”.

Deputada Shéridan Oliveira (PSDB) – “Todos sabemos bem a triste situação que Roraima está vivendo, com colapso na saúde, a população conhece de perto as dificuldades reais em todos os serviços. É preciso parar com esse ‘empurra-empurra’ político. É preciso que Governo e Prefeitura trabalhem juntos para dar assistência de saúde aos roraimenses.

O certo é que o Governo tem que dar respostas efetivas para o funcionamento imediato do Hospital de Campanha, que visitei semana passada e constatei 80 leitos já prontos, faltando apenas contrapartida do Estado com pessoal qualificado, medicamentos e equipamentos de proteção.

Também é urgente que a Prefeitura de Boa Vista faça a sua parte no atendimento inicial lá na ponta, na assistência básica. Todo dia aumenta o número de pessoas que reclamam de não terem sido atendidas nos postos de saúde, que não conseguiram sequer realizar o teste ou mesmo quanto à falta de medicamentos.    

O momento é de deixar as conveniências políticas de lado e trabalharmos por Roraima, parar com esse jogo de empurra e agir com rapidez para proteger as pessoas. Sem articulação, diálogo e colaboração efetiva, quem leva a pior é a população de Roraima”.

Deputada Joênia Wapichana (Rede): “É muito preocupante a situação de toda a população diante do que descreve o atual Secretário de Saúde do Estado e das notícias veiculadas amplamente na imprensa. Me preocupa em particular a situação dos povos indígenas que são vulneráveis à doenças infectocontagiosas e que afetem os pulmões. São cerca de 70 mil indígenas no Estado, os Yanomami que são de recente contato e mais de 400 indígenas que atuam no sistema de saúde indígena, sendo assim duplamente vulneráveis a ficarem doentes com a covid 19. 

Por todas essas preocupações com a população do Estado, encaminhamos documento ao Ministro da Saúde e ao Governador, relatando a necessidade urgente de inauguração do Hospital de Campanha. Entendo ser urgente que o Governo Federal tome medidas para salvar vidas e estas medidas devem ser acordada entre as autoridades pelo bem da população roraimense”.

Deputado Haroldo Cathedral (PSD): “Não acho que uma intervenção federal na saúde estadual seja a melhor e mais viável solução para o Governo de Roraima.  Compreendo que ao concordar em sofrer uma intervenção, o nosso Governo  assume uma ineficiência no enfrentamento do combate ao Coronavírus.  

Acredito que o momento exige que se busque planejamento e a correta execução das ações e gestão na saúde e não apenas instrumentos para se abster de suas responsabilidades.  Todas as Unidades da Federação estão passando pelas mesmas dificuldades e nenhuma sugeriu  intervenção. Nosso estado tem enorme potencial e  capacidade para resolver possíveis  inconsistências e impedimentos  administrativos. Precisamos apenas de uma transparente e eficiente gestão na Secretaria de Saúde do Estado”.

O coordenador da bancada de Roraima, deputado Hiran Gonçalves (Progressistas), disse ser favorável à intervenção em entrevista à Rádio Folha 100.3 FM e que era preciso respeitar pedido do atual secretário de Saúde, Coronel Olivan Júnior. A Folha entrou em contato com os demais deputados federais, porém, não recebeu retorno até o fechamento da matéria. (P.C.)