Política

Pré-candidatura não será aliada com partidos do governo, diz Fábio

Fábio Almeida, pré-candidato do PSOL, descartou aliança com siglas que compõe base do Governo Federal, Estadual e Municipal

Considerando a proximidade do processo eleitoral, a Rádio Folha entrevista os pré-candidatos à Prefeitura de Boa Vista. Neste domingo, 05 o programa Agenda da Semana conversou com o historiador Fábio Almeida (PSOL). As perguntas são as mesmas para todos os entrevistados.

Na ocasião, Almeida discutiu os pontos já definidos da sua pré-candidatura, como o plano de gestão, as coligações entre partidos, o que considera os principais problemas da Capital e o combate à corrupção.

Coligações

Nós queremos reproduzir uma experiência de muito sucesso que tivemos em 2018. Estamos discutindo um programa que ultrapassa a lógica de partidos políticos, que envolvem movimentos sociais e representantes populares. Estamos iniciando as conversas partidárias com os colegas do PSTU e do PCB.

Critério ideológico

Nós não compomos nenhuma aliança com partidos que estejam integrando o Governo Federal, o Governo do Estado e a Prefeitura de Boa Vista. Esses governos não possuem políticas voltadas para a classe trabalhadora e para a maioria do povo. Outro ponto que colocamos como critério os partidos que tenham em seus princípios a defesa do estado mínimo.

Efetivação da candidatura

A preocupação efetiva do partido é fecharmos um programa de trabalho com princípios para que a população possa entender para que a gestão do PSOL, se for eleita, vai fazer com o município.

Partidos aliados

Nós não temos nenhuma formalização efetiva de coligação com partidos políticos. Estamos iniciando uma conversa com o PCB e o PSTU, que nós vamos começar as conversas. Mas o link é o programa.

Adiamento das eleições

Precisamos respeitar os critérios epidemiológicos e científicos. Não dá para querer realizar as coisas da nossa cabeça. A vigilância em saúde do país estabeleceu a necessidade de adiamento, então concordo. Poderíamos ter mais dias de votação, a fim de que pudéssemos evitar aglomeração nos locais de votação.

Nova realidade

A sociedade mundial, inclusive a roraimense, está sendo obrigada a aderir a rede de computadores. Eu, particularmente, vejo como uma ferramenta de comunicação e contatos. Vai cumprir o seu papel de estabelecer diálogos com a população. As aglomerações devem ser evitadas e proibidas.

Covid-19

Teria tratado muitas coisas de forma diferente, não seria esse caos que se viveu. Expresso tristeza pelos nossos gestores públicos brigando e transformando esse momento de dor e sofrimento que o nosso povo enfrenta em disputa política. Eu não teria utilizado as unidades básicas de saúde como acesso inicial para os usuários. Como suspendemos as escolas, teria utilizada as escolas como ponto de entrada.Objetivo seria evitar que os suspeitos de covid estivessem junto com outros usuários que utilizavam a unidade básica de saúde (UBS).

Sistema de saúde

Particularmente sou contra a proposta de hospital municipal. A nossa estrutura hospitalar existente ela hoje responde pelas necessidades da população. Lógico que é preciso de políticas de ampliação e descentralização do serviço. Mas acho que o hospital é uma política de alta complexidade e sou defensor que essa política esteja de responsabilidade do Governo do Estado, o custo é muito alto. 

Problemas principais da Capital

O principal problema que nós enfrentamos é a saúde pública. Primeiro, a baixa cobertura da estratégia de saúde da família. Nós temos uma população que já passa dos 400 mil habitantes e 60 médicos para atender essa população. Boa Vista é habilitada a ter mais de 100 equipes de saúde da família. Precisamos garantir acesso à população. A inexistência da saúde bucal. Apenas quatro unidades possuem programa de saúde bucal. Temos constantemente as endemias, como a dengue, malária, tuberculose, hanseníase e isso precisa de um sistema público forte. Outra questão é a educação, precisamos rever a política pedagógica; falta de creches; saneamento básico; falta de uma política de resíduos sólidos; acesso à água; moradia e abandono à população rural; atenção especial ao grupo de crianças, idosos e de pessoas em estado de vulnerabilidade social. 

Melhoria da economia

Acredito que nós precisamos compreender que a Prefeitura se estrutura pelo processo de serviços. Os processos de industrialização precisa de uma ação coordenada com a gestão estadual. Com relação às indústrias, podemos trabalhar a área de zona de processamento de exportação (ZPE) que está silenciada e precisa ser retomada, com olhar estratégico. Podemos ter uma política de exportação de alimentos para o Caribe, bem como fortalecer e regularizar algumas estruturas, por exemplo, os microempreendedores individuais.

Prioridades

O primeiro é reordenar o sistema único de saúde e retomar as visitas domiciliares da equipe multidisciplinar; ampliar as equipes de saúde da família; repasse da administração do hospital Santo Antônio para o Estado; fortalecer os serviços da vigilância em saúde; mobilidade urbana; transporte coletivo; saneamento básico; garantia dos projetos sociais, além de uma auditoria dos gastos públicos.

Denarium e Bolsonaro

Meu partido é de oposição desses dois governos. Nós não temos receio de dizer isso por que são estruturas que não preconizam o povo.

Corrupção

Precisamos garantir a efetiva transparência dos gastos públicos. Com a criação do orçamento participativo. Queremos que os investimentos das emendas parlamentares e de recurso próprio da Prefeitura conte com a efetiva participação da população por meio de conselhos populares.

Ponto crítico

Principal problema da atual gestão é a geração de emprego. Apesar de termos várias obras públicas, temos a geração de emprego o maior ponto crítico a ser enfrentado. Temos a população brasileira e migrante e todas essas pessoas precisam ser contempladas.

Qual o maior desafio?

Maior desafio é o fortalecimento do respeito às diferenças. Somos uma cidade composta por vários locais e precisamos respeitar as diferenças. Principalmente hoje a xenofobia que nós ainda percebemos contra os imigrantes e os indígenas. O desafio da construção de uma sociedade mais humana e transformar as práticas de violência que existem, principalmente contra as mulheres e à comunidade lgbtqi+. Precisamos transformar essa realidade.